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Entendimento estreito entre os presidentes Lula e Uribe está sendo complicado pelas acusações de um suposto envolvimento entre as Farc e o governo brasileiro | Stringer / Reuters
Entendimento estreito entre os presidentes Lula e Uribe está sendo complicado pelas acusações de um suposto envolvimento entre as Farc e o governo brasileiro| Foto: Stringer / Reuters

O assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, considerou sintomático que a revista colombiana Cambio tenha publicado matéria sobre a existência de um suposto envolvimento de autoridades do primeiro escalão do governo brasileiro com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), no momento em que os dois países buscam o dialogo e o entendimento. Eu acho muito sintomático que num momento em que tem havido uma aproximação muito grande entre o Brasil e a Colômbia, na qual todos nós contribuímos, e o presidente Lula foi o principal mentor, surja uma matéria como essa, afirmou.

O assessor manifestou estranheza com o oportunismo da publicação da matéria por parte da revista colombiana.

Eu, particularmente, acho que a matéria tem um caráter de provocação. Porque ela menciona genericamente pessoas que aparecem nos relatórios - fulano, beltrano e cicrano -, mas não diz como aparece, e surge em um momento em que há um entendimento tão estreito entre os presidentes Lula e Álvaro Uribe. É um entendimento sincero, e volto a ressaltar a minha estranheza que surja neste momento uma matéria como essa.

Garcia afirmou que em nenhum momento manteve, nem mesmo por meio de terceiros, qualquer contato com as Farc.

Mais do que isso. Antes mesmo do começo do governo do presidente Lula, mas com ele já eleito, eu tomei a iniciativa de procurar o embaixador da Colômbia no Brasil e deixar claríssimo para ele que nós só manteríamos relações com o governo colombiano. Até porque, na época já havia especulações sobre isto ou aquilo [envolvimento de brasileiros com as Farc], afirmou o assessor presidencial.

Na avaliação de Garcia, como os documentos citados pela revista estavam nas mãos do governo da Colômbia, o mais provável é que o vazamento das informações - que eu não sei se são falsas ou verdadeiras - tenha se dado através de alguém do próprio governo colombiano contrário aproximação dos presidentes Lula e Uribe.

Nós ainda não falamos com ninguém do governo [da Colômbia] sobre o assunto, mas acho que teremos que fazê-lo brevemente, disse.

Sobre a atuação das Farc e a possibilidade de que negociem a deposição das armas com o governo de Álvaro Uribe, Garcia disse que o governo brasileiro não tem posição definida a respeito, uma vez que prefere não se meter em assuntos internos de outros países.

O governo não tem posição sobre que atitude as Farc deve tomar a partir de agora, se tem ou não que depor as armas, porque esse é um assunto interno da Colômbia, afirmou.

Garcia disse, no entanto, que pessoalmente é de que fica claro que as Farc deveriam fazer acordos com o governo. Acho que a luta armada na Colômbia hoje não tem qualquer relação ou característica que tiveram em outros períodos em que se lutavam contra ditaduras.

Na avaliação do assessor especial da Presidência, nesse momento é necessário que a luta armada tenha uma certa legitimidade.

No caso da Colômbia, essa luta divide o país. É repudiada pelos próprios colombianos e há certos métodos que as Farc foram adotando depois de um certo tempo. Agora, volto a repetir, o governo não se mete com assuntos internos da Colômbia.

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