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O mais alto comandante norte-americano na guerra no Afeganistão pediu desculpas hoje por uma entrevista na qual afirmou se sentir traído pelo homem apontado pela Casa Branca para ser seu aliado diplomático, o embaixador Karl Eikenberry. Após as declarações, o general Stanley McChrystal foi convocado para Washington, a fim de esclarecer seus controversos comentários e discutir o tema com o presidente Barack Obama e altos funcionários do Pentágono.

Em perfil publicado nesta semana pela revista Rolling Stone, McChrystal é mostrado como um lobo solitário, isolado de muitas figuras importantes do governo do presidente Obama, e que não tem capacidade de convencer - inclusive alguns de seus próprios soldados - de que sua estratégia pode ganhar a guerra.

Hoje, em Cabul, McChrystal publicou um comunicado em que disse: "Apresento minhas mais sinceras desculpas por este perfil. Foi um erro que demonstrou meu critério equivocado e não deveria haver ocorrido." O texto cita um grupo de colaboradores irreverentes de McChrystal que zombam do vice-presidente Joe Biden e de Richard Holbrooke, representante especial dos Estados Unidos para Afeganistão e Paquistão.

Um dos auxiliares de McChrystal diz que o general estava "decepcionado" após sua primeira reunião no Salão Oval com o presidente Obama, que não estava preparado para o encontro. O perfil nota que, ainda que McChrystal tenha votado em Obama, ambos tiveram problemas para relacionar-se desde o início. Obama freou as falas muito imperativas de McChrystal sobre seu desejo de ter mais tropas no Afeganistão. "Aquela época me parece dolorosa", afirmou McChrystal no texto, que será publicado na íntegra somente na sexta-feira. "Tratava de convencê-lo de uma postura impossível."

Envio de tropas

Obama aceitou enviar 30 mil soldados norte-americanos ao Afeganistão somente depois de meses de análises, que muitos no Exército consideraram excessivas. Além disso, a decisão veio acompanhada de outra, de retirar as forças até julho de 2011, o que os apoiadores de McChrystal consideram um prazo arbitrário.

O perfil recebeu o título "The Runaway General" (O general em fuga) e foi escrito após várias semanas de viagens e entrevistas com o fechado círculo de colaboradores de McChrystal. Também inclui uma lista de integrantes do governo que apoiam o general, entre os quais o secretário de Defesa, Robert Gates, e a secretária de Estado, Hillary Clinton. Já Biden está entre os que se opõem ao líder militar.

O sentimento de McChrystal de ter sido traído por Eikenberry vem a público após dúvidas do embaixador acerca da estratégia para o Afeganistão e da confiabilidade do presidente afegão, Hamid Karzai, nesse processo. McChrystal atribuiu isso ao interesse pessoal de Eikenberry em proteger sua reputação. "É um dos que se protege para a posteridade", afirmou McChrystal à revista. "Se fracassamos, eles podem dizer 'Nós dissemos'."

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