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Após tarifas de Trump

Goldman Sachs eleva risco de recessão nos EUA para 45% e JPMorgan vê “pior cenário desde a 2ª Guerra”

Goldman Sachs eleva risco de recessão nos EUA para 45% e JPMorgan vê “pior cenário desde a 2ª Guerra”
Bolsas do mundo todo sofreram quedas nesta segunda (7) (Foto: EFE/EPA/JUSTIN LANE)

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O Goldman Sachs e o JPMorgan Chase emitiram nesta segunda-feira (7) alertas contundentes sobre o impacto da política tarifária adotada pelo presidente Donald Trump, com o primeiro elevando a probabilidade de recessão nos Estados Unidos para 45% e o segundo classificando o atual cenário econômico e geopolítico como “o mais perigoso desde a Segunda Guerra Mundial”.

Em carta endereçada aos acionistas do banco, o CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, disse que “estamos lidando com o ambiente geopolítico e econômico mais perigoso e complicado desde a Segunda Guerra Mundial.”

“As recentes tarifas provavelmente aumentarão a inflação e estão fazendo com que muitos considerem uma maior probabilidade de recessão (...) Se o conjunto de tarifas causará ou não uma recessão continua sendo uma questão, mas desacelerará o crescimento”, escreveu ele.

Dimon também demonstrou preocupação com os efeitos colaterais da doutrina “América Primeiro”, defendida pelo governo Trump. Para ele, a abordagem mais “nacionalista” pode enfraquecer alianças e, no longo prazo, a própria liderança dos Estados Unidos.

“‘América Primeiro’ é bom, desde que não acabe sendo apenas os EUA (...) Se as alianças militares e econômicas do mundo ocidental se fragmentarem, os EUA inevitavelmente se enfraqueceriam com o tempo. É extremamente importante reconhecer que a segurança e a economia estão interconectadas; a guerra 'econômica' já causou guerras militares no passado”, escreveu.

O plano tarifário do presidente Trump, apresentado na semana passada, prevê uma tarifa mínima global de 10% e taxas mais elevadas sobre produtos específicos, como os europeus (20%), chineses (34%) e indianos (26%). A medida, que entrou em vigor no sábado (5), será acompanhada pela tarifa “recíproca”, com início previsto para 9 de abril, aplicada adicionalmente sobre os mesmos produtos e regiões. O objetivo é proteger a indústria americana de práticas desleais de concorrência internacional.

Os impactos econômicos imediatos dessa medida têm sido intensos. Desde o anúncio do plano tarifário, Wall Street perdeu cerca de US$ 6,4 trilhões em valor de mercado em apenas duas sessões. Desde o início do mandato de Trump, a queda acumulada já ultrapassa os US$ 10 trilhões. Na última semana, o Nasdaq caiu 10%, o S&P 500 recuou 9% e o Dow Jones perdeu 7,9%.

O Goldman Sachs, por sua vez, elevou de 35% para 45% a probabilidade de ocorrer uma recessão nos Estados Unidos, apontando que as novas tarifas anunciadas por Trump foram mais severas do que o previsto e que o choque causado no mercado global exige uma “reavaliação dos riscos”. Em nota intitulada “Contagem regressiva para a recessão”, o banco alertou que o aumento das tarifas, somado ao “forte aperto das condições financeiras, boicotes de consumidores estrangeiros e um aumento contínuo da incerteza política”, eleva significativamente o risco de desaceleração econômica nos EUA.

A previsão de crescimento para a economia americana em 2025 também foi reduzida pelo Goldman, de 1,5% para 1,3%. O banco ainda espera que o Federal Reserve reaja com cortes sucessivos de 25 pontos-base nas taxas de juros a partir de junho, em uma tentativa de conter os danos causados pelo aperto tarifário.

Analistas do S&P Global e do HSBC também revisaram suas projeções para o risco de recessão nos EUA, que ficaram entre 30% e 40%. Já o JPMorgan elevou sua estimativa de recessão no território americano para 60%. Em relatório intitulado There Will Be Blood (Haverá Sangue), estrategistas do banco alertaram que “as políticas disruptivas dos EUA foram reconhecidas como o maior risco para as perspectivas globais até agora neste ano”.

Apesar dos avisos vindos de Wall Street, Dimon ressalta que o mercado ainda está vulnerável e pode cair mais. “Mesmo com a recente queda nos valores de mercado, os preços continuam relativamente altos (...) Isso nos obriga a permanecer muito cautelosos.”

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