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Energia

Governo boliviano impõe regras para negociar gás com o Brasil

Presidente da Petrobrás está na Bolívia para discutir ampliação da oferta de combustível

Rio – O presidente boliviano, Evo Morales, aproveitou a recente exposição da deficiência brasileira na oferta de gás para retomar o tom peremptório de seu discurso em relação aos investimentos na área de energia. "Se quiser investir, bem-vindo", disse, em Santa Cruz de la Sierra, sobre a possibilidade de a Petrobrás voltar a injetar recursos no país. Mas, apesar de admitir que a Bolívia precisa de "milhões e milhões" para desenvolver suas reservas de petróleo e gás, ele fez questão de ressaltar que qualquer novo contrato terá de "garantir o respeito às normas bolivianas".

Ontem, uma comitiva da Petrobrás desembarcou em La Paz para a segunda reunião com representantes do governo e da petroleira boliviana YPFB. A primeira ocorreu há duas semanas, na sede da Petrobrás, no Rio. Liderado pelo presidente da estatal brasileira, José Sérgio Gabrielli – em sua primeira visita ao país desde o anúncio de nacionalização das reservas, em maio de 2006 –, o grupo foi integrado ainda pelos diretores Graça Foster (Gás e Energia), Nestor Cerveró (Internacional) e pelo gerente executivo para o Cone Sul, Décio Odone.

Soberania

No discurso, Morales mantém a retórica que ressalta a soberania. Mas ele reconhece que o governo boliviano também retoma a negociação com o Brasil em situação de desvantagem, sem os investimentos que internaram recursos de US$ 1,5 bilhão em pouco mais de uma década. "Necesitamos plata (precisamos de dinheiro)", frisou ontem o presidente boliviano. A PDVSA, estatal venezuelana, não foi, como previam alguns analistas, a substituta natural da Petrobrás nos investimentos na Bolívia. A Petrobrás chegou a responder por 25% do PIB boliviano.

Do encontro com Gabrielli e sua comitiva participaram o ministro de Energia da Bolívia, Carlos Villegas, e o presidente da YPBF, Guillermo Aruquipa. A Petrobrás tem estudos sobre investimentos para ampliação da oferta de gás boliviano ao Brasil, mas não os divulga. Atualmente, estão sendo exportados de lá entre 29 milhões e 30 milhões de metros cúbicos de gás para o Brasil, a capacidade plena do Gasoduto Bolívia–Brasil (Gasbol).

Na segunda-feira, os governos do Brasil e da Bolívia divulgaram a visita do presidente Luís Inácio Lula da Silva a Morales em 12 de dezembro Os jornais bolivianos destacaram que será a primeira visita de Lula desde que Morales tomou posse, há 21 meses. Ontem, antes da chegada de Gabrielli, o ministro Villegas declarou, em entrevista à imprensa local, que são seria firmado "nenhum documento" depois da reunião entre as duas estatais. Desde a nacionalização promovida pelo governo Morales, a Petrobrás manteve investimentos marginais, apenas para a manutenção da operação em campos produtores de gás.

Na Bolívia, é aventada a possibilidade de a estatal voltar a investir no campo de Itaú, atualmente sob a responsabilidade da franco-belga TotalFina-Elf.

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