• Carregando...
china coronavírus
Presidente da China, Xi Jinping, já sabia do risco de pandemia seis dias antes de alertar a população| Foto: Noel Celis/AFP

O presidente da China, Xi Jinping, esperou seis dias para alertar publicamente sobre o surto de coronavírus em Wuhan, revelaram documentos do governo chinês obtidos pela Associated Press. A decisão veio quase uma semana depois que funcionários determinaram que a situação "provavelmente se tornaria um grande evento de saúde pública". Acredita-se que cerca de 3.000 chineses tenham sido infectados durante esse período de seis dias.

Em 20 de janeiro, Xi interrompeu o silêncio sobre a epidemia para avisar que o surto "deve ser levado a sério". Neste mesmo dia, o principal epidemiologista chinês, Zhong Nanshan, disse pela primeira vez publicamente que o vírus era transmissível de pessoa para pessoa.

Esse alerta público ocorreu seis dias após uma teleconferência que ocorreu em 14 de janeiro, na qual o chefe da Comissão Nacional de Saúde da China, Ma Xiaowei, avisou Xi e as autoridades locais de saúde que uma pandemia global provavelmente estava em andamento, de acordo com um memorando interno obtido pela Associated Press.

"A situação epidêmica ainda é grave e complexa, o desafio mais grave desde a SARS [Síndrome respiratória aguda grave] em 2003, e provavelmente se transformará em um grande evento de saúde pública", disse Ma, segundo o memorando.

A videoconferência ocorreu um dia depois que as autoridades na Tailândia descobriram o primeiro caso relatado fora da China, que o memorando citou como uma indicação de que a situação "havia mudado significativamente". O documento também afirma que "casos agrupados sugerem que a transmissão de humano para humano é possível".

"Com a chegada do Festival da Primavera, muitas pessoas estarão viajando, e o risco de transmissão e disseminação é alto", diz o memorando. "Todas as localidades devem se preparar e responder a uma pandemia".

Ma também pediu às autoridades que priorizem considerações políticas e a estabilidade social antes das duas maiores reuniões políticas da China, que ocorreriam em março.

No mesmo dia da teleconferência, a Organização Mundial da Saúde declarou que "investigações preliminares conduzidas pelas autoridades chinesas não encontraram evidências claras de transmissão de humano para humano do novo coronavírus (2019-nCoV) identificado em Wuhan, China". Um dia antes, em 19 de janeiro, a Comissão Nacional de Saúde da China disse que o vírus "ainda era evitável e controlável".

Uma linha do tempo da lenta resposta da China ao coronavírus revela as falhas de Pequim em retardar a propagação da pandemia. Embora o governo chinês tenha relatado aproximadamente 82.000 casos, estimativas sugeriram que o número está mais próximo de 2,9 milhões.

Em dezembro, as autoridades do partido emitiram uma ordem que impedia os laboratórios de Wuhan de publicar informações, depois que os cientistas perceberam que o novo vírus se parecia muito com a SARS, ordenando que interrompessem os testes, destruíssem amostras e ocultassem as notícias.

© 2020 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]