
Atenas Num domingo em que o número de mortos subiu para 57 e o sítio arqueológico de Olímpia foi ameaçado, os gregos se perguntavam quais os motivos dos incêndios florestais que começaram na sexta-feira. Para o governo, eles são criminosos.
O primeiro-ministro da Grécia, Costas Karamanlis, apontou um plano incendiário: "Que tanto fogo tenha começado ao mesmo tempo em tantos lugares não pode ser coincidência".
Ontem, o governo anunciou recompensas de 100 mil a 1 milhão de euros para quem denunciar pessoas que tenham ateado fogo nas florestas. Quem perdeu sua casa receberá 10 mil euros.
Dez pessoas acusadas de incêndio voluntário ou de negligência foram presas, e os bombeiros encontraram ontem vários artefatos incendiários no norte e no oeste de Atenas.
Um editorial do jornal conservador "Apogevmatini" denunciou "um plano contra a pátria" para "criar problemas ao governo antes das eleições de 16 de setembro".
O chefe da oposição socialista, Georges Papandreou, acusa o governo de não ter recrutado um número suficiente de bombeiros. "O gabinete no poder se apresenta como uma vítima, refere-se a complôs e a planos organizados para encobrir suas próprias responsabilidades."
Brigas políticas à parte, o fato é que o fogo quase destruiu o santuário de Olímpia, dedicado a Zeus e palco dos Jogos Olímpicos por séculos desde 776 aC. Há ali um museu com um rico acervo, incluindo uma estátua do deus Hermes feita por Praxiteles. O coração de Pierre de Coubertin, fundador das Olimpíadas modernas, está ali.
O fogo começou a se aproximar de Olímpia no sábado à noite, e sinos das igrejas soaram na cidade de Kolyri antes que os moradores recolhessem suas coisas e fugissem.
"Aqui está o contraste: a Grécia antiga deu ao mudo a civilização, e a Grécia moderna dá a destruição", disse um morador da região à tevê Alter.
"Não sabemos o tamanho do prejuízo em Olímpia, mas o importante é que o museu está como era e que o sítio arqueológico não terá nenhum problema", afirmou o ministro da Cultura, George Voulgarakis. "O fogo está queimando em mais da metade do país", disse o porta-voz dos bombeiros, Nikos Diamandis. "Este é definitivamente um desastre sem precedentes na Grécia.
"O país pediu auxílio à União Européia. Até terça-feira, 11 países mandarão aeronaves que despejam água contra o fogo Itália, França e Chipre já o fizeram. Israel, Rússia e Suíça também enviaram equipamentos.



