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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, em teleconferência com líderes de partidos políticos, em sua residência na região de Moscou, 25 de setembro
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, em teleconferência com líderes de partidos políticos, em sua residência na região de Moscou, 25 de setembro| Foto: EFE/EPA/ALEXEI DRUZHININ / KREMLIN POOL/ SPUTNIK

O Kremlin questionou nesta segunda-feira a veracidade dos documentos que fazem parte da investigação jornalística intitulada Pandora Papers, que apontam práticas financeiras suspeitas realizadas por várias pessoas do entorno do presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Putin não aparece nos arquivos revelados, mas vários de seus associados mais próximos foram nomeados, incluindo o seu melhor amigo de infância, Petr Kolbin, que já faleceu e que era apontado por críticos como a "carteira" da fortuna de Putin, e uma mulher com quem ele supostamente teve um caso amoroso.

O material apurado pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) veio à tona ontem e foi criticado por Moscou. "Conhecemos bem o trabalho dessa organização, sabemos de onde obtém a informação e como a obtém", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em entrevista coletiva.

"Estes documentos provocam perguntas, mas não entendemos como é possível confiar nessa informação", completou o integrante do governo da Rússia.

Peskov indicou que, até o momento, o governo não avaliou como irregularidade as informações que constam no material divulgado até o momento pelo ICIJ.

"Não sei se haverá mais publicações, mas, por enquanto, não vimos nada especial", disse o porta-voz, descartando qualquer investigação oficial sobre russos citados no Pandora Papers.

Peskov ainda disparou contra os Estados Unidos, apontando que se trata do país com maiores "lacunas fiscais e lacunas tributárias" do mundo.

"Isso mostra uma grande distância entre as declarações sobre a intenção de combater a corrupção, a sonegação de impostos e a lavagem de dinheiro, se essa é a realidade que temos", disse o porta-voz do Kremlin, ao se referir à Washington.

O Pandora Papers apontou para diversas lideranças mundiais que operavam em paraísos fiscais, como Ilhas Virgens Britânicas, Panamá ou o estado de Dakota do Sul, nos EUA, evitando assim o pagamento de impostos.

A investigação se baseia em 11,9 milhões de arquivos e é maior que o chamado Panama Papers, que veio à tona em 2016 e levantou um debate global sobre este tipo de mecanismo de envio de remessas de dinheiro para o exterior.

Envolvidos na Rússia

Entre os russos envolvidos no mais recente escândalo está o diretor-geral de uma emissora de televisão local, Konstantin Ernst, conhecido como "ministro não-oficial de propaganda" de Putin, além de Svetlana Krivonogikh, amiga íntima do presidente e suposta mãe da terceira filha do chefe de governo.

Além disso, ainda constam na lista de citados familiares de pessoas ligadas à administração federal, como Vladímir Kiriyenko, filho do chefe-adjunto de gabinete do presidente da Rússia.

As agências públicas de notícias do país omitiram qualquer menção à presença de russos no Pandora Papers, enquanto veículos independentes de comunicação divulgaram informações sobre o caso.

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