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O governo da Bolívia e líderes opositores concordaram nesta segunda-feira (15) que obtiveram "grandes avanços" para restaurar a paz. O país andino vive sua pior onda de violência nos mais de dois anos e meio de gestão do presidente Evo Morales. Após uma reunião de quase sete horas, os dois lados afirmaram que passaram a uma trégua, até a noite de hoje, quando Evo retorna ao país. O presidente irá ao Chile para um encontro com colegas sul-americanos preocupados com a situação na Bolívia - pelo menos 30 pessoas já morreram em confrontos, segundo números de funcionários do governo.

"Houve grandes avanços e esperamos que hoje se firme um acordo", disse o governador de Tarija, Mario Cossío, um dos líderes do grupo que faz oposição ao governo central. Cossío participou de uma reunião no palácio presidencial, na qual estava Evo. Também participaram do encontro os governadores dos departamentos (Estados) de Santa Cruz, Beni, Pando e Chuquisaca. Eles querem que o governo central devolva o dinheiro de impostos obtidos com hidrocarbonetos e que interrompa o processo para reformar a Constituição. A administração Evo reteve parte dos impostos desse setor para pagar uma pensão a idosos.

O vice-ministro da Descentralização, Fabián Yaksic, no papel de porta-voz oficial, disse que "estamos negociando alguns detalhes que faltam, mas o governo vê como um grande avanço as soluções a que se chegaram". Cossío e Yaksic não revelaram outros detalhes da reunião. Horas antes, o governo anunciou que o Congresso iniciará uma investigação sobre o que qualificou como o "massacre de Pando". "O Congresso instalará uma comissão para investigar a participação direta do prefeito (governador) desse departamento (Leopoldo Fernández) nesse crime", disse o vice-presidente Álvaro García Linera, em La Paz.

Pouco depois, Fernández negou as acusações, afirmando que "o governo em sua mentira e em sua canalhice monta toda uma farsa". "Rechaço contundentemente essas acusações e, se isso fosse verdade, eu estaria foragido e estou aqui, em meio ao povo", acrescentou Fernández. Ontem o governo central chegou a anunciar a detenção de Fernández, porém depois negou a informação. Além da violência, vários pontos do país sofriam com a falta de alimentos e combustíveis, por causa de bloqueios em rodovias. "Há 35 pontos de bloqueios que paralisam a metade do país", afirmou Cossío. "Também estão paralisadas fronteiras com Argentina, Brasil e Paraguai, e esperamos que isso se solucione logo.

A representante do governo central em Pando, Nancy Teixeira, disse que continuam as buscas aos mortos e feridos nos confrontos. Sem citar cifras exatas, Nancy relatou que "é verdade" o relato do ministro de Governo, Alfredo Rada, segundo o qual haveriam mais de 30 mortos. "Mas nós acreditamos que há outros que estão pelos montes, gente que está afogada no rio", completou Nancy.

No sábado, Evo acusou "assassinos brasileiros e peruanos" de responsabilidade no caso. Acusou também Fernández de ser responsável, o que o governador negou. Pando está sob estado de sítio, ficando proibidas reuniões, o trânsito de mais de três pessoas juntas durante a madrugada e o porte de armas. O presidente boliviano também expulsou o embaixador norte-americano em La Paz, Philip Goldberg, após acusá-lo de conspirar com opositores. O diplomata negou qualquer ação nesse sentido.

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