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Trabalhador limpa área onde ocorreram protestos em frente à sede do governo do Quirguistão | Reuters
Trabalhador limpa área onde ocorreram protestos em frente à sede do governo do Quirguistão| Foto: Reuters
  • Presidente interina do Quirguistão, Roza Otunbayeva (direita), deu entrevistas após visitar pessoas que se feriram durante os protestos
  • Jovens cercaram a sede da presidência do Quirguistão para evitar que ele fosse invadido
  • Manifestante fala ao celular enquanto carrega bandeira do Quirguistão em frente ao palácio presidencial
  • Pelos menos 40 pessoas morreram e outras 400 ficaram feridas durante os protestos
  • Parlamento quirguiz foi invadido e depredado por manifestantes oposicionistas
  • Policial chuta manifestante que protestava contra o governo, em Bíshkek, capital do Quirguistão

O presidente deposto do Quirguistão, Kurmanbek Bakiyev, disse nesta sexta-feira que não deu ordens para que fossem disparados tiros contra manifestantes. Em entrevista exclusiva à France Presse, ele disse estar pronto para negociar com seus opositores, que tomaram o poder na capital, Bishkek. As lideranças interinas, porém, descartaram essas negociações.

Bakiyev garantiu, apesar disso, que não pretende deixar o país nem o cargo de presidente. A Rússia e os Estados Unidos não tiveram nenhum papel na revolta desta semana no Quirguistão, afirmou ele.

Bakiyev está refugiado entre partidários no sul do país, em Jalalabad, no Vale de Fergana, região entre o Usbequistão, o Quirguistão e o Tajiquistão.

A líder interina do país, Roza Otunbayeva, afirmou que o presidente deposto está tentando retomar o poder. "No sul, os partidários de Bakiyev estão fazendo de tudo para levar as antigas autoridades de volta ao poder", afirmou a ex-ministra das Relações Exteriores. "Nós, em Bishkek, estamos tentando deixar a situação sob controle. As autoridades interinas estão fazendo de tudo para normalizar o país", disse Roza, que descartou negociar com o ex-líder.

Os protestos desta semana deixaram pelo menos 76 mortos e mais de mil feridos.

Muitos funerais de pessoas mortas nos tumultos foram feitos nesta sexta-feira. Várias pessoas expressaram o desejo de que a revolta traga um governo melhor ao Quirguistão, com alguns expressando a esperança de que a Rússia ajude o país.

Enquanto isso, os voos foram retomados na base aérea militar norte-americana de Manas, logo nas imediações de Bishkek. Para os norte-americanos, Manas é essencial para abastecer as tropas dos EUA que lutam no Afeganistão. Em e-mail enviado à Associated Press, o porta-voz do Comando Central dos EUA, o major John Redfield, disse que os voos foram restabelecidos na manhã de hoje. Cerca de 1.100 soldados estão atualmente na base, incluídos contingentes franceses e espanhóis.

A Rússia, que também possui uma base no Quirguistão, pressionou o governo de Bakiyev a expulsar os norte-americanos de Manas. Mas após ter anunciado que as tropas dos EUA deixariam a base, o governo quirguiz aceitou um aumento do aluguel pelo uso da instalação, de US$ 17 milhões para US$ 63 milhões, e permitiu que os militares dos EUA continuassem em Manas. A questão do futuro da base voltou à tona após a revolta que derrubou o governo de Bakiyev.

"Nós não temos a intenção de debater agora a questão da base americana. Nossa prioridade são as vidas das pessoas que sofreram. A maior prioridade é normalizar a situação para assegurar a paz e a estabilidade", disse Roza Otunbayeva. Ela visitou feridos em um hospital na capital nesta sexta-feira.

Otunbayeva disse ter recebido um telefonema do primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, no qual ele ofereceu assistência ao Quirguistão. Otunbayeva disse a Putin que o Quirguistão precisa de auxílio financeiro e despachou um enviado a Moscou.

Algumas pessoas acusaram Bakiyev de ter se vendido aos EUA, ao permitir que Washington mantivesse a base aérea, e muitos aparentam querer laços mais próximos com a Rússia.

"Somos gratos à Rússia por ter reconhecido o novo governo e não ter apoiado Bakiyev", disse Daniyar Bokonbayev, um morador de Bishkek de 46 anos. "O Quirguistão não tem futuro sem a Rússia", afirmou.

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