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Os líderes iraquianos tentavam conseguir o apoio, nesta terça-feira (25), de parlamentares céticos para a votação do proposto pacto de segurança, que permitirá às tropas dos Estados Unidos ficarem no país até 2011. Os líderes tentavam convencer um importante bloco de parlamentares sunitas, que pedem concessões em troca.

O gabinete do primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki, aprovou o acordo em 16 de novembro. Mas os parlamentares da maioria de governo, xiitas e curdos, terão apenas uma pequena maioria no Parlamento de 275 cadeiras, se o maior grupo sunita, que também participa do governo, continuar a se opor ao acordo. A votação do tratado deverá ocorrer nesta quarta-feira (26).

O bloco sunita, com 44 cadeiras, a Frente Iraquiana do Acordo, disse que apenas apoiará o pacto se o governo concordar em submeter o tratado a um referendo nacional em 2009.

Os sunitas também querem que o governo aceite um pacote de reformas desenhado para dar à minoria sunita um papel maior na condução do país e maior representação nas forças de segurança.

"A divisão nacional sobre um acordo é muito clara", disse o vice-presidente Tariq al-Hashemi, um árabe sunita que lidera o Partido Islâmico do Iraque, o maior dos três grupos que formam a Frente. "O consenso parece muito difícil, senão impossível".

As conversações com os árabes sunitas e outros blocos políticos ocorreram no escritório do presidente Jalal Talabani, um curdo sunita, no prédio do Parlamento, na protegida zona Verde, onde também ficam a Embaixada dos Estados Unidos e os escritórios do governo iraquiano.

O conselheiro do Departamento de Estado do governo americano, David Satterfield, que liderou a equipe americana que negociou o tratado, esteve hoje no Parlamento para se encontrar com o líder Khalid al-Attiayh, um parlamentar xiita de destaque que negocia o tratado com o bloco sunita.

O vice-presidente do Iraque Adel al-Mahdi, um xiita, também se encontrou com o embaixador dos EUA no país, Ryan Crocker, e com o general Ray Odierno, o militar americano mais graduado no Iraque. Se o Parlamento aprovar o acordo, o presidente e os dois vice-presidentes precisarão ratificá-lo.

Um parlamentar xiita de destaque disse que o governo conta com o apoio de apenas 139 legisladores - bem pouco acima da maioria simples. Ele falou sob anonimato.

Uma margem tão pequena pode levar o clérigo mais graduado do país, o grão-aiatolá xiita Ali al-Sistani, a expressar publicamente sua insatisfação. Isso afundaria de vez o tratado. Al-Sistani é reverenciado pelos xiitas, que são a maioria da população do Iraque. Ele disse que não se oporá ao tratado se ele for aprovado por ampla maioria.

Dois jornais linha-dura do Irã, no entanto, instaram os parlamentares em editorial, nesta terça-feira, a rejeitarem o tratado. Isso indica que a rejeição ao pacto continua forte nos círculos xiitas da cúpula iraniana, que é realmente quem governa o Irã.

O Irã teve posição ambígua sobre o tratado entre o Iraque e os EUA. Durante meses, os aiatolás vociferam sua oposição, mas na semana passada, após o gabinete iraquiano ter aprovado o documento, ele foi elogiado pelo governo iraniano.

O jornal iraniano Kayhan, que é dirigido por amigos e representantes do grão-aiatolá do Irã, Ali Khamenei, disse que o tratado irá "exaurir o Iraque".

Os vice premiês do Iraque alertaram nesta terça que as duas alternativas que existem à rejeição do tratado com os EUA são perigosas - a imediata retirada das tropas americanas ou a extensão do mandato das Nações Unidas para Washington manter a ocupação.

"As alternativas são bem perigosas", disse o vice primeiro-ministro Barham Saleh. "Elas jogarão o Iraque e seu jovem experimento político no desconhecido. Não vamos brincar com o futuro do nosso país", disse. As informações são da Associated Press.

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