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Revolta árabe

Governo provisório do Egito não resiste a protestos

Mais de 10 mil manifestantes ocupam praça no centro do Cairo para exigir mudanças prometidas pela junta militar

Egípcios protestam no centro do Cairo para exigir democracia no país, que é governado por uma junta militar desde a queda do ditador Hosni Mubarak | Khaled Desouki/AFP
Egípcios protestam no centro do Cairo para exigir democracia no país, que é governado por uma junta militar desde a queda do ditador Hosni Mubarak (Foto: Khaled Desouki/AFP)

O governo provisório do Egito renunciou ontem após três dias de manifestações no Cairo contra a junta militar que comanda o país desde a renúncia do ditador Hosni Mubarak (1981-2011), em fevereiro. Ao menos 24 manifestantes já morreram, mas o número pode passar de 30.

Até a noite de ontem não estava claro se o Conselho Supremo das Forças Armadas aceitou a re­­núncia do gabinete do premiê Essam Sharaf.

O clima de violência e instabilidade coloca em risco as eleições parlamentares marcadas para se­­gunda-feira que vem. Alguns candidatos já anunciaram a suspensão de suas campanhas.

A notícia da queda do gabinete não acalmou os ânimos dos 10 mil manifestantes que ocupam a Praça Tahrir desde a última sexta-feira. Eles encaram o governo de Sharaf como uma fachada da junta militar, incapaz de fazer reformas democráticas.

Os protestos começaram, sob influência da Irmandade Muçul­­mana, depois que o conselho militar divulgou uma carta de princípios para a nova Constituição.

O documento garante certas liberdades individuais, mas também dá poder quase ilimitado aos militares e os isenta de controle civil.

A junta militar assumiu o po­­der em fevereiro prometendo pas­­sá-lo a um governo civil em seis meses. Porém, hoje afirma que a passagem de poder só acontecerá após uma eleição presidencial que pode ocorrer em 2012 ou 2013.

Na semana passada, os manifestantes exigiam que os militares marcassem a data da passagem de poder.

Porém, após a escalada da violência no fim de semana – quando forças de segurança passaram a atacar hospitais improvisados pe­­los manifestantes – a exigência passou a ser a queda imediata do governo militar.

A estimativa de vítimas varia entre 24 e 33 mortos. E os feridos nos confrontos chegam a 1.500.

"O povo quer a queda do marechal de campo", gritavam os ma­­nifestantes em referência a Hus­­sein Tantawi, o líder do conselho militar.

"Não sairemos da praça até que seja formado um governo de salvação nacional que seja representativo e acumule toda responsabilidade", disse o ativista Rami Shaat.

Ontem, a Casa Branca afirmou que "a erupção da violência no Egi­­to não deve atrapalhar as eleições e uma rápida transição para a democracia". "Estamos profundamente preocupados com a violência. Nós pedimos que ambas as partes mostrem moderação", disse Jay Carney, porta-voz do De­­partamento de Estado do governo norte-americano. A Liga Árabe pe­­diu calma aos manifestantes e tam­­bém moderação à junta militar.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu que os militares protejam direitos humanos e liberdades individuais – inclusive o direito de fazer manifestações pacíficas.

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