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Família de venezuelanos pega carona em um caminhão para chegar ao Peru | LUIS ROBAYO/AFP
Família de venezuelanos pega carona em um caminhão para chegar ao Peru| Foto: LUIS ROBAYO/AFP

A crise migratória na América do Sul está fazendo com que os governos da região adotem medidas para minimizar os impactos do fluxo de venezuelanos que estão deixando o país. Na semana passada, a ONU alertou para a crise na região e afirmou que ela já se aproxima da emergência detonada pela fuga de populações do Oriente Médio e da África pelo Mediterrâneo.

Estima-se que 2,3 milhões de pessoas tenham deixado a Venezuela, ou 7,5% da população do país. A maioria está indo para o Peru ou a Colômbia. Cerca de um milhão de venezuelanos chegou à Colômbia em menos de dois anos, enquanto autoridades peruanas dizem que há cerca de 420 mil habitantes no país – quatro vezes mais do que no ano passado. 

Mesmo sem compartilhar fronteira com a Venezuela, o governo do Peru declarou nesta terça-feira (28) que vários distritos na divisa com o Equador estão em situação de emergência por "perigo iminente" para a saúde devido ao fluxo maciço de venezuelanos que fogem da crise econômica e humanitária em seu país.

Autoridades de saúde do Peru expressaram preocupação com a possível disseminação de doenças como sarampo e malária pelos imigrantes venezuelanos, que tinham acesso precário a remédios e cuidados com a saúde em meio à grave crise na Venezuela.

Leia mais: Migração de indígenas da Venezuela supera capacidade dos abrigos brasileiros

A emergência, que durará 60 dias segundo decreto assinado pelo presidente Martín Vizcarra, foi declarada para os distritos de Aguas Calientes, Zarumilla e Tumbes, que receberam nos últimos dias grande fluxo de migrantes diante do início da exigência de passaporte, na semana passada.

No último dia 24, o governo do Equador anunciou a criação de um corredor humanitário para facilitar a chegada desses migrantes até o Peru.

Ação conjunta

As autoridades de imigração colombianas e peruanas prometeram construir um banco de dados conjunto para compartilhar informações sobre o número crescente de venezuelanos que estão fugindo da crise econômica e humanitária do país comandado por Nicolás Maduro. O plano foi anunciado na terça-feira após uma reunião regional de dois dias com o objetivo de desenvolver uma resposta unificada ao êxodo de pessoas da Venezuela. 

O diretor do órgão responsável pela política de imigração da Colômbia, Christian Kruger, disse que o banco de dados permitirá que as nações compartilhem informações sobre temas como status de imigração, saúde e segurança. Ele espera que outras nações, incluindo o Equador, se unam ao projeto.

Chanceleres de Equador e Colômbia, e possivelmente Peru e Brasil, irão se reunir na próxima semana no Equador para debater a crise na região.

Exército brasileiro

Enquanto isso, no Brasil, o presidente Michel Temer autorizou a atuação das Forças Armadas em Roraima, estado que enfrenta crise migratória causada pela entrada de venezuelanos. Em reunião com ministros no Palácio do Planalto, o presidente decidiu assinar uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) para que militares atuem na segurança pública. 

Desde 2015, mais de 120 mil venezuelanos cruzaram a fronteira com o Brasil e cerca de metade deles ainda permanece no país. 

O governo enviou recentemente reforço de 120 homens da Força Nacional para auxiliar o estado. Além disso, o Planalto tem defendido a política de interiorização, que está em sua sexta etapa. Entre abril a julho deste ano, 820 pessoas foram transferidas de Roraima para sete cidades. A maior parte delas (287) foi encaminhada para centros de acolhimento em São Paulo. 

Colômbia e a Unasul

O presidente da Colômbia, Iván Duque, informou que o país deixará a União de Nações Sul-americanas (Unasul) porque agora "é a maior cúmplice da ditadura da Venezuela". Em um discurso televisionado, o líder disse que a organização não denunciou o "tratamento brutal" dado por Caracas a seus cidadãos. A saída da Colômbia será efetivada em seis meses. 

A aliança, criada pelo falecido presidente venezuelano Hugo Chávez para contrariar a influência americana na região, tem se enfraquecido. Colômbia e outros cinco países haviam suspendido a afiliação aos princípios este ano em meio a diferenças sobre quem deveria ser o líder do grupo.

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