Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Bolívia

Greve de fome de Morales chega ao quinto dia

Boliviano busca pressionar a aprovação de uma lei que convoque eleições para dezembro. Presidente mastiga apenas folhas de coca que inibe a sensação de fome

Evo Morales aparentemente esgotado e fraco permanece em greve de fome | David Mercado / Reuters
Evo Morales aparentemente esgotado e fraco permanece em greve de fome (Foto: David Mercado / Reuters)

O presidente da Bolívia, Evo Morales, aparenta estar esgotado e fraco nesta segunda-feira (13), quinto dia de sua greve de fome, iniciada com o objetivo de pressionar a aprovação de uma lei para a convocação de eleições para dezembro. Por essa razão, ele suspendeu um encontro que teria com um grupo de crianças. Mais de 2.000 pessoas em diversas cidades do país acompanham o presidente em sua greve de fome, disse nesta segunda-feira (13) seu porta-voz Iván Canelas.

"O presidente está bem, vocês sabem que ele é muito forte, é de ferro, e nestes dias de jejum não deixou de trabalhar no Palácio, com atos e em permanentes reuniões," disse Canelas no mesmo salão onde Morales realizava um protesto em companhia de cerca de 15 sindicalistas.

O ministro da Saúde, Ramiro Tapia, que é médico, disse que o quadro do presidente é estável e que recomendou que ele fizesse repouso, mas que não há necessidade de Morales deixar de realizar suas funções no salão do palácio presidencial. O presidente apenas mastiga folhas de coca que inibe a sensação de fome, e bebe água e chá de camomila.

Morales buscará um novo mandato e tentará obter um amplo controle do Congresso, o que lhe permitiria aprofundar as reformas esquerdistas que promove nos últimos três anos - como a nacionalização dos campos de gás que abastecem o Brasil e a Argentina.

Uma comissão legislativa de opositores e governistas discutiam um acordo para que a lei eleitoral seja debatida no plenário do Congresso. Morales cedeu na principal demanda dos opositores que querem tomar medidas para evitar a possibilidade de fraudes durante as eleições. Segundo o deputado Fernando Messmer, a decisão do presidente facilitará um acordo sobre a lei.

O presidente da Corte Nacional Eleitoral, José Luis Exeni assegurou, em carta do Congresso, que é possível fazer um novo censo eleitoral e estabelecer um novo padrão biométrico com impressões digitais e fotografia, mas para isso é necessário a garantia de recursos e normas para a efetivação da medida. A realização de um novo censo eleitoral terá um custo de US$ 30 milhões. Morales disse que uma parte das despesas será financiada com recursos que estavam destinados à compra de um avião para uso presidencial. Neste domingo, Morales afirmou que "a direita não quer eleições e apresenta como pretexto o censo (eleitoral)". Morales aparece como candidato favorito, embora ainda não tenha confirmado sua candidatura.

Os parlamentares opositores surpreenderam na segunda-feira com novas exigências, como a renúncia do presidente da Corte Nacional Eleitoral (CNE), José Luis Exeni. Isso retarda um acordo definitivo.

"O pedido de renúncia do presidente da CNE mostra uma vez mais que a direita radical não quer eleições, mas isso terá de mudar cedo ou tarde", disse a jornalistas o porta-voz de Morales, Iván Canelas.

O porta-voz acrescentou que Morales decidiu destinar ao recadastramento eleitoral uma verba de 120 milhões de bolivianos (16,9 milhões de dólares), originalmente reservada neste ano para a compra de um novo avião presidencial.

Canelas disse ainda que Morales está disposto a manter a greve de fome "até as últimas consequências..., até que haja lei para as eleições".

A oposição, liderada pelo presidente do Senado, Oscar Ortiz, mantém sem quorum desde quinta-feira a sessão bicameral do Congresso em que se debate e vota a lei que regulamentará a eleição geral de dezembro e as eleições regionais de abril de 2010.

Dessas eleições resultará uma Assembleia Plurinacional, com vagas reservadas para os povos indígenas minoritários, em lugar do atual Congresso.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.