
Um grupo com atuação na Síria liderado por um dos homens de confiança de Osama bin Laden representa hoje uma ameaça ainda maior que o Estado Islâmico (EI) para os EUA e para Europa, segundo fontes do governo americano consultadas pelo jornal The New York Times.
Mesmo com uma ofensiva dos EUA contra a milícia radical em andamento, funcionários de inteligência e de segurança nacional do país disseram ao jornal que o grupo Khorasan oferece um risco maior de ataques aos territórios americano e europeu do que o EI, cujo foco seria criar um regime islâmico na Síria e no Iraque.
Até então relativamente desconhecido, o Khorasan teve seu nome citado na última quinta-feira pelo diretor de inteligência nacional, James Clapper, durante audiência em Washington.
O grupo teria surgido na Síria no último ano, liderado por Muhsin al-Fadhli "que, segundo o Departamento de Estado, estaria entre o pequeno grupo de aliados de Bin Laden que sabiam, com antecedência, dos ataques de 11 de setembro de 2001.
Para as fontes de inteligência citadas pelo NYT, a atenção voltada para o EI -principalmente após a execução de dois jornalistas americanos pelo grupo na Síria- fez com que se "distorcesse" a visão sobre real ameaça terrorista que emergiu com a guerra civil na Síria. A Frente al-Nusra, afiliada da Al-Qaeda no país, e o Khorasan seriam os grupos que apresentam maior risco de atentados nos EUA e na Europa. O Khorasan é descrito por agentes de inteligência como uma célula formada por combatentes veteranos da Al Qaeda que atuavam não só no Afeganistão e no Paquistão, mas também na África e no Oriente Médio.
Convocação
O EI convocou simpatizantes em todo o mundo para matar cidadãos de países que fazem parte da coalizão de combate à facção. O chamado foi feito em um discurso de 42 minutos do porta-voz da milícia, Abu Mohammed Ali Adnan, divulgado ontem.
É a primeira vez que a facção incita seus apoiadores à ação em lugares fora do Oriente Médio. O recado é claro. "Mate o infiel, seja ele civil ou militar", diz Adnan, que afirma que não é necessário ter uma arma. "Esmague sua cabeça com uma pedra, atropele-o com um carro, atire-o de um lugar alto, sufoque-o ou envenene-o."
Ele avisa os muçulmanos sunitas de que não é necessário esperar por uma permissão para agir contra "infiéis". São citados com ênfase americanos, franceses, canadenses e australianos. O porta-voz da facção chama Obama de "mula dos judeus". A mensagem é repleta de metáforas relacionadas a tempos antigos. Os soldados inimigos são chamados de "cruzados", em referência às Cruzadas cristãs da Idade Média.



