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La Paz – Cerca de 300 indígenas guaranis da Bolívia, que ocupam desde quinta-feira uma estação de um gasoduto no sudeste do país, ameaçam cortar o bombeamento de gás para o Brasil. Eles exigem que as três principais petrolíferas estrangeiras do país cumpram suas promessas de investir no desenvolvimento regional. Os indígenas cercaram a estação e se revezam em esquema de plantão.

O presidente da Assembléia do Povo Guarani, Wilson Changaray, que lidera o protesto, disse a emissoras de rádio que esperava uma mediação entre o governo e a Transierra, a empresa proprietária do duto que transporta mais de 60 % do gás que a Bolívia exporta para o Brasil.

Até ontem, as operações de exportação de gás natural seguiam normais, segundo o diretor de dutos da Superintendência de Hidrocarbonetos da Bolívia, Abel Pantoja.

A Transierra é uma empresa formada pela brasileira Petrobrás, a espanhola Repsol-YPF e a francesa Total para construir e operar o gasoduto que funciona desde abril de 2003 entre os grandes campos de gás do distrito de Tarija e o gasoduto principal Bolívia-Brasil.

O duto da Transierra transporta entre 16 milhões e 17 milhões de metros cúbicos de gás natural e foi tomado pelos guaranis pelo Rio Parapetí, a cerca 1,1 mil quilômetros a sudeste de La Paz. A exportação total de gás da Bolívia para o Brasil é de cerca de 26 milhões de metros cúbicos, aproximadamente 80% do que consome o estado de São Paulo e metade do consumo brasileiro, de acordo com informações oficiais.

O líder indígena Changaray disse que os guaranis estão "dispostos a fazer valer seus direitos, porque a Transierra não cumpriu com seus compromissos, sem desembolsar sequer um peso do acertado".

O diretor de dutos Panfoja informou que um delegado da Superintendência de Hidrocarbonetos, acompanhado de funcionários da Transierra, viajaram para conversar com os guaranis, que exigem que a empresa cumpra o acertado em 2005, de investir 9 milhões de dólares no desenvolvimento da região em 20 anos.

Rádios locais informaram que o ministro do Desenvolvimento Rural, Hugo Salvatierra, também viajou para o lugar do conflito, que se soma a outras dificuldades enfrentadas pelas petrolíferas estrangeiras desde que o governo decretou, em maio, a nacionalização do setor.

As operações da Transierra não foram afetadas pela nacionalização, que, no entanto, afetou outros negócios das três petrolíferas ao declarar de propriedade estatal toda a produção nacional de petróleo e gás.

O governo boliviano espera que, nesta terça-feira, a estação já esteja liberada. Funcionários da Transierra disseram que não estavam conseguindo entrar em acordo com os guaranis. Eles estariam dispostos a permanecer no local até o início da liberação dos recursos.

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