
Os EUA lideram a guerra no Afeganistão, mas as perdas e os danos são altos e divididos por todos os envolvidos. Pelo menos 1.700 soldados norte-americanos morreram na última década. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) perdeu 954 soldados.
O Exército Nacional afegão sofreu mais de 1.500 baixas e, embora não haja dados confiáveis sobre quantos insurgentes foram mortos, a estimativa supera os 10 mil.
Nesse meio tempo, o povo afegão ficou no meio do confronto. Cerca de 2.930 civis morreram em ataques realizados pelos Estados Unidos e pela Otan e outros 7.686 foram mortos por insurgentes, segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU) e do Human Rights Watch (HRW). A seguir, algumas histórias marcadas pela guerra.
Família
Quando era criança, o soldado raso Kyle McClintock, de 23 anos, odiava seu pai e sua mãe por serem reservistas do Exército, porque eles ficaram fora por longos períodos. Seu pai lutou na Arábia Saudita durante a operação Tempestade no Deserto e sua mãe serviu no Afeganistão.
McClintock, que nasceu em Rockford, Illinois, tinha apenas 13 anos quando terroristas, sediados no Afeganistão, realizaram os ataques de 11 de Setembro de 2001 contra Nova York e Washington. Menos de um mês mais tarde, em 7 de outubro, os EUA e seus aliados lançaram a operação Liberdade Duradoura para caçar integrantes do Taleban e da Al-Qaeda.
Três meses depois de seu primeiro embarque, McClintock, está montando guarda num posto avançado numa montanha afegã, com uma clara visão da fronteira paquistanesa, por onde os terroristas entram. É a sua primeira vez numa zona de guerra.
McClintock acha que seus pais têm orgulho dele. Mas ele ainda não decidiu se vai seguir carreira militar, como eles fizeram. Mas de uma coisa ele tem certeza: não vai encorajar seu filho, de 1 ano e 7 meses, a se tornar a terceira geração de soldados da família.
Terceiro maior
O alemão Tim Ruppelt, soldado de 30 anos, serviu nove meses no Exército alemão porque foi obrigado, mas se alistou para os 12 anos seguintes porque quis. Ruppelt, então com 21 anos, tinha um emprego sem futuro num armazém em sua cidade natal, Bremen, que ele deixou para prestar o serviço militar, compulsório na Alemanha.
Quando estava no sétimo mês do serviço militar, se deu conta de que gostou da camaradagem e do treinamento diário e ficou. "Era interessante. Cada dia havia algo diferente", diz Ruppelt, que agora é paramédico do Exército.
O contingente alemão no Afeganistão, com 5 mil soldados, é o terceiro maior, depois do norte-americano e do britânico. Até agora, 53 soldados alemães morreram. Desde o início da guerra do Afeganistão, a Otan e seus parceiros perderam 954 militares. "Eu acho que os alemães não têm muito orgulho de seus soldados que lutam no Afeganistão", diz Ruppelt. "Às vezes, eu acho que eles esqueceram onde estamos."
"Pelo que nossos soldados morreram é, para mim, a questão mais difícil de responder. Talvez em alguns anos, quando o Afeganistão for um lugar seguro, e o terrorismo tiver acabado e não houver mais problemas com a Al-Qaeda, então possamos olhar para trás e nos perguntar se a missão aqui foi um sucesso", diz o alemão.
Interatividade
Pelo que lutam os soldados estrangeiros que estão no Afeganistão?
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