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Crianças palestinas observam buracos no muro provocados por ataques israelenses na Faixa de Gaza: impactos psicológicos dos conflitos sobre os menores | Mahmud Hams / AFP Photo
Crianças palestinas observam buracos no muro provocados por ataques israelenses na Faixa de Gaza: impactos psicológicos dos conflitos sobre os menores| Foto: Mahmud Hams / AFP Photo

Os recentes conflitos entre israelenses e palestinos na Faixa de Gaza não deixaram a região só com traços da destruição física. Pelo menos 900 crianças palestinas que foram expostas ao poder bélico israelense ou perderam familiares na guerra sofrem atualmente distúrbios psicológicos devido à violência vivida, ônus da difícil relação entre as nações vizinhas. A informação é da organização não-governamental (ONG) Aldeias Infantis SOS, que adota e oferece formação escolar às crianças abandonadas e flageladas por conflitos armados.

Segundo o coordenador da ONG, Ihsan Redwan, todos os jovens atendidos pelo grupo foram marcados psicologicamente pelos impactos desses conflitos. "Observamos o aparecimento de manchas brancas no rosto e um evidente impacto psicológico: pesadelos que se repetem, gritos de medo constante, incontinência urinária e outros problemas de saúde, tais como náuseas e vômito", afirmou. "Elas estão aterrorizadas e se recusam a comer ou a brincar", acrescentou.

De acordo com Redwan, as famílias palestinas têm encontrado dificuldade para encontrar médicos ou suprimentos, uma vez que parte dos hospitais e centros de recuperação na região foram destruídos. "Têm sido difícil encontrar ajuda para o tratamento das crianças. Mesmo os ferimentos graves como fraturas do crânio queimaduras nas pernas e braços quebrados estão sendo tratados em unidades improvisadas", disse.

Das crianças assistidas pela ONG, oito delas sofreram ferimentos graves, mas estão fora de risco. É o caso de Hannah, de 13 anos, assistida há três anos pela organização. "A situação é muito difícil. Embora estejamos protegidos pela ONG, ninguém vem nos ajudar. À noite, nós acordávamos ao som do barulho da guerra. Todo mundo chorava e rezava", contou a garota.

Caso semelhante viveu Jihad, de 14 anos, que há seis anos vive com integrantes da instituição. "Vivemos uma situação de incerteza, sem saber o que iria acontecer conosco. Ficava mais tranquila porque somos protegidos pelos membros da ONG, mas estávamos aflitos pensando na condição das outras crianças, que não tinham um abrigo para se proteger", afirmou. "Todas as crianças merecem estar protegidas e ter uma vida normal. Nós rezamos por todas elas e pedimos para que as entidades enviem recursos a todos.

Suporte psicológico

Criada após a Segunda Guerra Mundial (1939-45) com o objetivo de dar um lar às crianças que ficaram órfãs em consequência do conflito armado, a ONG Aldeias Infantis SOS atua desde 1966 no Oriente Médio. Voluntários se oferecem para adotar essas crianças e vivem em uma aldeia administrada pela ONG. No Brasil, o serviço atua em 11 Estados, com cerca de 8.300 crianças, adolescentes e jovens participantes.

De acordo com a coordenadora da ONG, Layla A. Kaiksow, a organização tem oferecido o suporte de psicólogos para o tratamento das crianças. "Em Gaza, estamos promovendo uma série de eventos comunitários com o objetivo de acalmar as crianças e aliviar os traumas sofridos com o conflito", disse. Kaiksow ainda lembra que a situação dessas crianças é mais tranquila com relação às crianças não protegidas por entidades humanitárias, já que estas não contam com assistência médica ou psicológica. "Sem qualquer ajuda, o trauma desses jovens pode ser permanente.

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