VIENA - O historiador britânico David Irving se declarou culpado nesta segunda-feira de ter feito apologia ao nazismo, ao ser iniciado em Viena o julgamento contra sua versão negacionista do Holocausto.
Em suas primeiras declarações, Irving se disse culpado das acusações contra ele, como já havia adiantado nesta manhã seu advogado, Elmar Kresbach, ao entrar no tribunal.
Em seu discurso de abertura, o promotor Michael Klackl afirmou que Irving "é tudo menos um historiador, é um ambicioso falsificador da história".
O promotor acusou o polêmico britânico de 67 anos de tentar difundir uma versão falsa da história da Segunda Guerra Mundial, segunda a qual "não houve câmaras de gás, nem nenhum assassinato sistemático de massas organizado pelos nazistas".
Michael Klackl lembrou que, por diversas vezes, Irving se referiu publicamente às câmaras de gás dos campos de concentração e ao extermínio promovido pelos nazistas como um conto de fadas e uma mentira. O promotor também disse que o britânico já negou o assassinato de milhões de pessoas.
Na versão de Irving, houve crimes isolados durante o nazismo, mas relativamente poucos. Ao fazer um resumo das teses defendidas nos livros do acusado, o promotor destacou que ele afirma que a maioria das vítimas dos campos de concentração morreu de causa natural, como epidemias.
O julgamento ocorre nesta segunda-feira, sob fortes medidas de segurança. A imprensa tem relacionado o caso à polêmica sobre a liberdade de imprensa que surgiu a partir dos violentos protestos contra a publicação de charges do profeta Maomé.
Irving pode ser condenado a uma pena de dez anos de prisão. Segundo observadores, o veredito final provavelmente reduzirá a pena a alguns meses de prisão condicional, já que Irving indiretamente reconheceu a existência das câmaras de gás e do massacre do Holocausto ao se declarar culpado. Além disso, o britânico já está há três meses em prisão preventiva.



