
Na última segunda-feira, em viagem a Bruxelas, a presidente brasileira Dilma Rousseff deu sinais de apoiar o governo de Nicolás Maduro, mudando sua postura em relação à crise na Venezuela. Sua manifestação, contudo, foi menos incisiva que a de seu partido, o PT, e que a do Mercosul. Ambos, por meio de comunicados, saíram abertamente em defesa do regime venezuelano.
Dilma afirmou que a situação vivida em Caracas é diferente da de Kiev, na Ucrânia, onde o presidente Viktor Yanukovich foi deposto.
Ela defendeu as conquistas sociais do regime chavista e disse que é preciso evitar o vazio político, que levaria ao caos. "Com o caos vem toda a desconstrução econômica, social e política", disse.
Dias antes, Dilma tinha se limitado a dizer que os conflitos venezuelanos eram "assunto interno".
A direção nacional do PT divulgou nota na qual responsabiliza a oposição por tentar "desestabilizar a ordem democrática na Venezuela". Já o Mercosul emitiu comunicado no qual manifestou "forte rechaço às ameaças de ruptura da ordem democrática legitimamente constituída pelo voto popular". Como o Brasil é membro pleno do bloco econômico, Dilma também assinou o texto.
Especialistas explicam que os diferentes discursos se dão pela separação entre funções políticas e ideologia partidária. "Quando a Dilma fala, é como chefe de Estado. Já o partido é uma instituição que tem a liberdade para emitir opiniões mais radicais. E a atual presidente representa não apenas o PT, mas toda a população", afirma Eduardo Saldanha, professor de Relações Internacionais da FAE. No caso do Mercosul, Saldanha observa que a manifestação através de um bloco é estratégica, pois não afeta a política externa do Brasil.
Professor do Núcleo de Estudos Avançados de Direito Internacional da PUCPR, Luiz Alexandre Carta Winter acredita que a postura do governo brasileiro na questão venezuelana não é apenas partidária, mas institucional. "Há uma tradição do Itamaraty de não se posicionar ideologicamente. Como isso poderia trazer um desgaste desnecessário, o Estado brasileiro precisa ter uma posição um pouco mais conservadora", avalia.
Washington dá 48 horas para três diplomatas de Maduro deixarem o país
Os Estados Unidos deram 48 horas a três diplomatas venezuelanos para que deixem o país em resposta à decisão do governo da Venezuela da semana passada de expulsar do país três diplomatas dos EUA. A decisão foi anunciada ontem.
A Venezuela acusa os norte-americanos de recrutar estudantes para liderar protestos em Caracas contra o presidente Nicolás Maduro. Os EUA consideraram as acusações como "falsas e sem fundamento".
O Departamento de Estado norte-americano afirmou que os diplomatas Ignacio Luis Cajal Avalos, Víctor Manuel Pisani Azpurua e Marcos José García Figueredo foram declarados personae non gratae.
"Essa convenção permite que os Estados Unidos declarem qualquer membro de uma missão diplomática persona non grata a qualquer hora e sem a necessidade de apresentar uma razão", disse o Departamento de Estado, citando a Convenção de Viena sobre relações diplomáticas.



