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Venezuela

Ideologia partidária e cargo separam posições do PT e de Dilma sobre Caracas

Dilma evita emitir opinião sobre a crise do governo Maduro enquanto seu partido, o PT, defende “ordem democrática” venezuelana

Pedestres passam por muro pichado com a fase: “Não à ditadura de Maduro”, no distrito de Chacao, em Caracas | Tomas Bravo/Reuters
Pedestres passam por muro pichado com a fase: “Não à ditadura de Maduro”, no distrito de Chacao, em Caracas (Foto: Tomas Bravo/Reuters)
Pôster tachando Maduro de

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Pôster tachando Maduro de

Na última segunda-feira, em viagem a Bruxelas, a pre­­sidente brasileira Dilma Rous­­seff deu sinais de apoiar o governo de Nicolás Maduro, mudando sua postura em relação à crise na Venezuela. Sua manifestação, contudo, foi menos incisiva que a de seu partido, o PT, e que a do Mercosul. Ambos, por meio de comunicados, saíram abertamente em defesa do regime venezuelano.

Dilma afirmou que a situação vivida em Caracas é diferente da de Kiev, na Ucrânia, onde o presidente Viktor Ya­­nukovich foi deposto.

Ela defendeu as conquistas sociais do regime chavista e disse que é preciso evitar o vazio político, que levaria ao caos. "Com o caos vem toda a desconstrução econômica, social e política", disse.

Dias antes, Dilma tinha se limitado a dizer que os conflitos venezuelanos eram "assunto interno".

A direção nacional do PT divulgou nota na qual responsabiliza a oposição por tentar "desestabilizar a ordem democrática na Venezuela". Já o Mercosul emitiu comunicado no qual manifestou "forte rechaço às ameaças de ruptura da ordem democrática legitimamente constituída pelo voto popular". Como o Brasil é membro pleno do bloco econômico, Dilma também assinou o texto.

Especialistas explicam que os diferentes discursos se dão pela separação entre funções políticas e ideologia partidária. "Quando a Dilma fala, é como chefe de Estado. Já o partido é uma instituição que tem a liberdade para emitir opiniões mais radicais. E a atual presidente representa não apenas o PT, mas toda a população", afirma Eduardo Saldanha, professor de Relações Internacionais da FAE. No caso do Mercosul, Saldanha observa que a manifestação através de um bloco é estratégica, pois não afeta a política externa do Brasil.

Professor do Núcleo de Estudos Avançados de Direito Internacional da PUCPR, Luiz Alexandre Carta Winter acredita que a postura do governo brasileiro na questão venezuelana não é apenas partidária, mas institucional. "Há uma tradição do Itamaraty de não se posicionar ideologicamente. Como isso poderia trazer um desgaste desnecessário, o Estado brasileiro precisa ter uma posição um pouco mais conservadora", avalia.

Washington dá 48 horas para três diplomatas de Maduro deixarem o país

Os Estados Unidos deram 48 horas a três diplomatas venezuelanos para que deixem o país em resposta à decisão do governo da Venezuela da semana passada de expulsar do país três diplomatas dos EUA. A decisão foi anunciada ontem.

A Venezuela acusa os norte-americanos de recrutar estudantes para liderar protestos em Caracas contra o presidente Nicolás Maduro. Os EUA consideraram as acusações como "falsas e sem fundamento".

O Departamento de Estado norte-americano afirmou que os diplomatas Ignacio Luis Cajal Avalos, Víctor Manuel Pisani Azpurua e Marcos José García Figueredo foram declarados personae non gratae.

"Essa convenção permite que os Estados Unidos declarem qualquer membro de uma missão diplomática persona non grata a qualquer hora e sem a necessidade de apresentar uma razão", disse o Departamento de Estado, citando a Convenção de Viena sobre relações diplomáticas.

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