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Liz Truss e Rishi Sunak, os dois candidatos à sucessão de Boris Johnson à frente do governo do Reino Unido, apresentaram neste domingo os seus planos para abordar a imigração, com muitos pontos em comum e a ideia compartilhada de endurecer o sistema de asilo. Tendo exposto suas diferenças na política fiscal nos primeiros dias da campanha primária conservadora, Truss e Sunak prometeram hoje ir mais longe na repressão de Johnson à imigração ilegal.
A atual ministra das Relações Exteriores assegurou, em entrevista ao jornal The Mail on Sunday, que vai aumentar em 20% o número de guardas fronteiriços e que vai chegar a novos acordos bilaterais, semelhantes ao que o Reino Unido já tem com Ruanda, para deportar os requerentes de asilo que entraram clandestinamente. “A política com Ruanda é a correta. Estou determinada a implementá-la totalmente, bem como explorar outros países com os quais podemos trabalhar em parcerias semelhantes”, disse Truss.
O primeiro voo com requerentes de asilo com destino a Ruanda foi suspenso pela Justiça britânica, depois de o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem ter ordenado o cancelamento cautelar das deportações. A Suprema Corte britânica examinará a legalidade desse plano em setembro.
Há uma semana, o jornal The Times revelou que entre os países para os quais Truss cogitava expandir o programa iniciado com Ruanda estavam Espanha e Turquia. O governo ruandês reconheceu que, para já, só tem capacidade para acolher 200 imigrantes do Reino Unido, em um acordo pelo qual já recebeu 141 milhões de euros.
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Sunak também anunciou hoje que apoia o programa de deportação para Ruanda e antecipou, em um plano de dez pontos, sua intenção de estabelecer uma cota para o número de refugiados que o Reino Unido pode aceitar anualmente. “Os cidadãos cumpridores da lei ficam chocados quando veem barco após barco cheio de imigrantes ilegais chegando de um país seguro como a França, com nossos marinheiros e a Guarda Costeira impotentes para detê-los”, disse Sunak.
Entre suas propostas, o ex-ministro da Economia sugere “responsabilizar a França com objetivos de barcos detidos” ou “acabar com a farsa do hotel”, referindo-se ao alojamento em hotéis dos requerentes de asilo enquanto seus pedidos são analisados. Sunak também propõe condicionar os acordos de política externa com outros países à sua “vontade de cooperar para o retorno” de seus imigrantes clandestinos.
Ambos os candidatos poderão confrontar suas ideias noite de segunda-feira, em um debate televisionado pela emissora BBC. Os filiados ao Partido Conservador poderão votar durante todo o mês de agosto para eleger o sucessor de Johnson à frente dos tories. O vencedor, cujo nome será conhecido em 5 de setembro, se tornará automaticamente primeiro-ministro.



