
Ouça este conteúdo
O governo americano está sendo processado por um grupo de imigrantes ilegais detidos na base militar de Guantánamo, em Cuba. O caso inclui menções a uma pessoa, cidadã do Brasil, detida depois de atravessar ilegalmente a fronteira entre o México e os Estados Unidos.
Tarlis Marcone De Barros Gonçalves, que se identifica como uma mulher transexual, afirma que passou por constrangimento porque as autoridades americanas não reconhecem sua identidade de gênero.
Tarlis entrou nos Estados Unidos em fevereiro de 2015, já sob o governo Trump. Depois de ingressar em território americano em El Paso, no Texas, Tarlis recebeu voz de prisão e passou 9 dias em um Centro de Processamento em Otero, no Novo México.
"Em Otero, fui colocada em uma unidade com cerca de 49 outros homens. Eu disse aos oficiais que sou uma mulher transgênero e estava desconfortável sendo alojada com homens. Também disse a eles que estava sendo assediada por homens nos corredores e na cela, mas nada foi feito", diz um relato por escrito assinado por Tarlis e divulgado pelo Centro por Direitos Constitucionais, uma organização não-governamental de esquerda americana.
Tarlis integrou um grupo de detentos levados para Guantánamo, em Cuba, onde os americanos mantêm instalações militares. Lá, novamente, Tarlis foi parar em uma cela masculina. "Fui alojada em um quarto com cinco homens, como se eu fosse um homem. Eu disse aos guardas que sou uma mulher transgênero e que não me sentia confortável ou segura sendo alojada com homens, mas eles não se importaram nem fizeram nada para resolver minhas preocupações”, afirma Tarlis na carta, datada de 12 de março.
Além de se queixar do desrespeito à sua "identidade de gênero", Tarlis afirma que as condições das prisões pelas quais passou eram degradantes.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o governo americano enviou Tarlis de volta ao Brasil começo de abril.
Ameaças
Tarlis afirma que entrou nos Estados Unidos em busca de asilo porque sofreu ameaças no Brasil. "Temo que serei morta se for enviada de volta ao Brasil. Eu gostaria de ter a chance de apresentar meu caso e de me reunir com minha família nos Estados Unidos em segurança”, afirma a carta.
Depois da passagem por Guantánamo, e antes da deportação, as autoridades ainda levaram Tarlis para um centro de detenção nos Estados Unidos: uma prisão Pine Prairie, no estado da Louisiana.
O depoimento de Tarlis foi enviado à Justiça como parte de uma ação movida pelo Centro em nome de dez imigrantes ilegais enviados para Guantánamo. O caso tramita em um tribunal no Distrito de Colúmbia.
Desde que assumiu o mandato, em janeiro deste ano, a gestão de Donald Trump passou a reconhecer apenas o sexo biológico como critério de distinção entre homens e mulheres.
VEJA TAMBÉM:




