Um crescente número de filhos de imigrantes ilegais nascem nos Estados Unidos e eles têm quase o dobro de chance de viver na pobreza do que as crianças nascidas de pais norte-americanos, diz um relatório do Pew Hispanic Center. O estudo, divulgado nesta terça-feira (14), destaca o crescente dilema do debate sobre imigração: os filhos de imigrantes ilegais nascidos nos Estados Unidos são cidadãos norte-americanos, ainda assim, eles lutam contra a pobreza e as incertezas com seus pais, que temem a deportação, trabalham duro em empregos mal remunerados e enfrentam demissões numa economia em crise.
A análise do Pew, uma organização de pesquisa independente, estima que 11,9 milhões de imigrantes ilegais vivem nos Estados Unidos. Desses, 8,3 milhões faziam parte da força de trabalho em março de 2008, o que representa 5,4% da força de trabalho dos Estados Unidos, principalmente em trabalhos mal remunerados na agricultura, construção civil e serviços de limpeza.
Cerca de três em cada quatro dos filhos de imigrantes - ou 4 milhões de pessoas - nasceram nos Estados Unidos. Em 2003, 2,7 milhões de filhos de imigrantes ilegais - ou 63%, tinham nascido no país.
No geral, os filhos de imigrantes ilegais representam um em cada 15 estudantes do jardim da infância até o final do ensino médio.
Os imigrantes ilegais também tornaram-se mais dispersos geograficamente, cada vez mais deixando de ir para destinos típicos como a Califórnia e preferindo empregos em áreas hispânicas emergentes em Estados do sudeste como Geórgia e Carolina do Norte.
Em 2008, a Califórnia tinha o maior número de imigrantes ilegais do país - 2,7 milhões - o dobro da quantidade de 1990, seguida pelo Texas, Flórida, Nova Iorque e Nova Jersey. Ainda assim, a Califórnia abriga atualmente 22% dos imigrantes ilegais do país, uma grande queda na comparação com os 42% registrados em 1990.
Esta última avaliação demográfica foi feita enquanto do presidente Barack Obama prepara-se para abordar a sensível questão política da reforma da imigração ainda este ano, incluindo uma proposta para dar a imigrantes ilegais um caminho para a cidadania.
Embora o número de imigrantes tenha aumentado nas últimas duas décadas, o total de imigrantes ilegais nos Estados Unidos caiu ou permaneceu estável nos últimos anos. Demógrafos atribuem a diminuição da imigração para os Estados Unidos em parte à recessão, bem como as deportações e ao fortalecimento das medidas contra imigração ilegal durante a administração de George W. Bush.
O Pew Hispanic Center descobriu que:
- Um terço dos filhos de imigrante ilegais vive na pobreza, quase o dobro do número de crianças nascidas de pais norte-americanos.
- A participação de imigrantes ilegais em trabalhos mau remunerados subiu nos últimos anos, de 10% na construção civil em 2003 para 17% em 2008. Eles também representam 25% dos trabalhadores agrícolas e 19% dos que trabalham em manutenção predial.
- Em 2007, a renda média das famílias de imigrantes ilegais era de US$ 36 mil, comparada com US$ 50 mil nas residências de nativos norte-americanos. Ao contrário de outros imigrantes, os ilegais não ganham salários mais altos com o passar dos anos.
- Cerca de 47% das residências de imigrantes ilegais têm crianças, ante 21% das casas de norte-americanos e 35% de imigrantes legais.
- Cerca de três quartos, ou 76%, dos imigrantes ilegais nos Estados Unidos são hispânicos. A maioria é de mexicanos (59%), totalizando 1 milhão de pessoas. Mas eles também vêm da Ásia (11%), América Central (11%), América do Sul (7%), Caribe (4%) e Oriente Médio (2%).
No início deste ano, o inspetor-geral do Departamento de Segurança Nacional descobriu que mais de 100 mil pais e mães e cidadãos norte-americanos foram deportados na década encerrada em 2007, fazendo com que o departamento declarasse que iria reunir mais informações sobre os familiares antes de deportar imigrantes.
A análise do Pew é baseada em dados do censo até março de 2008. Como o Departamento de Censo não pergunta às pessoas sobre sua condição imigratória, a estimativa de imigrantes ilegais é resultado da subtração da estimativa de imigrantes legais da população nascida fora do país. As informações são da Associated Press.



