
O presidente Barack Obama disse ontem que não aceitará pedidos "insensatos" de "uma única facção de um partido de uma das Casas do Congresso [a Câmara], que não aceita uma única lei".
Ele acrescentou que não negociará com a oposição, que controla a Câmara e se nega a aprovar o Orçamento 2013/2014.
Com o impasse, boa parte do governo ficou paralisada ontem cerca de 800 mil servidores federais foram para casa em licenças não remuneradas, de um total de 4,1 milhões.
O governo "fechou" oficialmente ontem com a negativa do Congresso de aprovar um novo Orçamento, após o fim do ano fiscal, em 30 de setembro. O imbróglio se deve ao início oficial ontem das operações do plano universal de saúde, apelidado de Obamacare, aprovado em 2010 e ratificado pela Corte Suprema no ano passado.
A oposição diz que só aprova o Orçamento se o governo fizer cortes no plano de saúde e adiar sua vigência, o que Obama e o Senado (controlado pelos democratas) se recusam a fazer.
Militares e serviços essenciais, como a defesa de fronteiras, agências como o FBI e a CIA e o departamento de luta contra as drogas continuaram operando.
O Congresso também tem até 17 de outubro para elevar o teto de endividamento do governo a possibilidade de calote, para analistas, é muito mais preocupante que a paralisação temporária.
Mas o apagão do governo começou a provocar cenas simbólicas na tevê americana, como o fechamento à visitação da Estátua da Liberdade, em Nova York, e panteões dedicados a ex-presidentes, como Lincoln, em Washington.
Parques nacionais foram fechados. Turistas tentando visitar Alcatraz tiveram que pedir reembolso.
Um grupo de veteranos da Segunda Guerra protestou ao ver o mausoléu aos mortos na guerra fechado à visitação.
Obama conseguiu provocar fissuras na oposição conservadora onde um número significativo de deputados começou a reclamar da intransigência da liderança republicana.
As fissuras são provocadas também pelo resultado de pesquisas de opinião divulgadas nos últimos dias.
Folga forçada dá clima de férias à capital
A paralisação de parte do governo americano transformou a sisuda Washington. A capital americana parecia de férias ontem, com muita gente nas ruas e nas praças, bares cheios, clima de veranico.
A tarde de 28ºC foi aproveitada por milhares de funcionários públicos federais que foram mandados para casa enquanto o Orçamento não é aprovado pelo Congresso.
Mais da metade dos servidores do Departamento de Defesa e mais de 80% do pessoal de Fazenda, Comércio, Saúde e Habitação não trabalharam.
O ambiente só não ficou parecido com agosto (mês de férias) porque parte das maiores atrações estava fechada.
A National Gallery, principal museu da cidade, fechou as portas, assim como outros 20 museus mantidos pela fundação Smithsonian, que depende de verbas públicas para 70% de seu orçamento. Os memoriais dedicados a ex-presidentes americanos, como Lincoln e Jefferson, tampouco abriram.
O National Mall, gramado que liga o Congresso a museus e parques e que inspirou o Eixo Monumental de Brasília, abrigou centenas de famílias tomando sol.
O Zoológico Nacional também fechou as portas. Com elas, foram desligadas as duas populares câmeras que acompanham, com transmissão na internet, a vida dos pandas Mei Xiang e Tian Tian.
Dos 18 mil funcionários diretos da Nasa, a agência espacial americana, apenas cerca de 600 continuarão trabalhando. A agência espacial completou 55 anos ontem, sem festa. Até o site deixou de funcionar.



