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Mistério

Incerteza científica cerca caso de bebê que "ressuscitou" em Israel

Menina nasceu com 600 gramas, foi dada como morta e colocada em refrigerador. Especialistas apontam que frio pode ter ajudado criança; outros questionam "morte"

O misterioso caso de uma bebê prematura, nascida em Israel, dada como morta, colocada por cinco horas num refrigerador, que depois teria "ressuscitado", deixou médicos e cientistas com muito mais perguntas do que respostas na cabeça. A menina, que veio ao mundo após menos de seis meses de gestação pesando 600 gramas, acabou morrendo nesta terça (19), mas as dúvidas sobre o que realmente aconteceu permanecem. Há especialistas que questionam o diagnóstico de morte feito pelos médicos israelenses; outros apontam que a criança provavelmente foi beneficiada pela temperatura baixa, embora não tenha conseguido sobreviver.

Moshe Daniel, diretor do hospital que atendeu a menina, disse que a única explicação para o caso era classificá-lo como milagre. No entanto, a aparente ressurreição da garota não é um caso isolado. "Há várias situações bem-documentadas de adultos e crianças que se afogaram em água muito fria, ou mesmo ficaram presos debaixo de gelo por horas, e foram revividos com sucesso muitas horas mais tarde", declarou ao portal LiveScience o professor de fisiologia e pediatria Alistair Jan Gunn, da Universidade de Auckland (Nova Zelândia).

O frio, ou hipotermia induzida, como preferem os cientistas, parece ter um efeito positivo para a sobrevivência porque reduz drasticamente o metabolismo, ou seja, a taxa de funcionamento do organismo. Essa lerdeza deliberada ajudaria a diminuir os danos ligados à morte celular programada, na qual as células se autodestroem em situações em que há danos generalizados a órgãos e tecidos. Com isso, o organismo teria uma chance extra de se recuperar, evitando a morte de todas as células e preservando tecidos essenciais, como o cérebro.

Ceticismo

No entanto, Richard Ehrenkranz, médico neonatal (especialista em recém-nascidos) da Escola de Medicina de Yale (também EUA), disse ao LiveScience que existem diferenças importantes entre a hipotermia induzida "normal" e o caso da bebê israelense. A temperatura do refrigerador do hospital, por exemplo, seria baixa demais; além disso, a criança era excessivamente prematura perto dos casos de bebês tratados com o procedimento.

"Em geral, temperaturas baixas aumentam a probabilidade de morte entre bebês extremamente prematuros. Ainda acho difícil de acreditar que a menina tenha ressuscitado", declarou ele. "Não sabemos como a 'morte' foi diagnosticada", acrescenta Gunn. "Provavelmente os médicos não conseguiram sentir o pulso, não ouviram batidas de coração e viram que o bebê não estava se mexendo. Mas é extremamente difícil ter certeza da 'morte' de bebês tão imaturos logo depois do nascimento. Já vi casos de diagnóstico errado na minha própria instituição."

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