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Hugo Chávez inspira novamente o bolivarianismo na Venezuela | Carlos Garcia Rawlins / Reuters
Hugo Chávez inspira novamente o bolivarianismo na Venezuela| Foto: Carlos Garcia Rawlins / Reuters
  • Socialistas bolivarianos da Colômbia querem levar modelo inspirado em Hugo Chávez para seu país

A onda vermelha, como é comumente chamado o projeto político de esquerda do qual fazem parte Venezuela, Bolívia e Equador, começa a esticar seus braços e ir "mais além", até a Colômbia. Inspirado no projeto do venezuelano Hugo Chávez, um pequeno grupo colombiano da cidade de Cúcuta criou um movimento socialista bolivariano, e começou nesta quinta-feira (12) sua corrida para garantir uma candidatura nas eleições presidenciais do país no próximo ano.

"Acabamos de recolher a primeira assinatura do nosso pedido de candidatura", disse ao G1 nesta quinta-feira (12), desde Bogotá, o engenheiro David Corredor Cuéllar, coordenador nacional do Movimento Socialista Bolivariano do país e pré-candidato do grupo a concorrer pela sucessão de Álvaro Uribe. O grupo recebeu a autorização para começar esta coleta na última semana, e agora segue rumo à campanha de 2010.

Eles ainda precisam recolher mais de 355 mil em todo o país (equivalente a 3% dos eleitores na última votação para o cargo) para se tornarem um partido oficialmente inscrito no conselho eleitoral. "Fizemos uma estimativa de que conseguiremos pelo menos 500 mil assinaturas. Vamos trabalhar duro, mas achamos que vai ser fácil garantir todo o apoio de que precisamos", disse Cuéllar.

Apesar do otimismo dele, o MSB ainda não aparenta ser tão popular no país. Até esta semana, os jornais da Colômbia deram apenas pequenas notas se referindo ao grupo "chavista" que quer concorrer no país, sem maior atenção. Para completar, o site oficial do movimento na internet traz um contador de visitas que diz que somente 1.346 pessoas estiveram por lá até a tarde da quinta-feira.

Ele foi mais modesto, entretanto, em relação às pretensões do movimento no longo prazo, admitindo que é difícil querer ter chance de conquistar a Presidência do país. "Estamos indo por partes. Precisamos antes garantir nossa candidatura. Achamos que a candidatura é importante para poder levar o discurso do socialismo bolivariano a mais pessoas, e fazer os próprios partidos tradicionais encararem nossas propostas."

Chávez em Bogotá

O Movimento Socialista Bolivariano da Colômbia nasceu na cidade de Cúcuta, a 20 km da fronteira com a Venezuela, em 2007. Ele surgiu junto com um documento audiovisual de 17 minutos chamado "Bogotá Sem Chávez". Nele havia uma série de testemunhos de alguns colombianos que tinham ido à Praça de Bolívar em Bogotá, para acompanhar uma visita do presidente Chávez, convidado pelo presidente Álvaro Uribe para um encontro diplomático. Como o venezuelano acabou não aparecendo, mesmo com "milhares" de simpatizantes esperando por ele, o grupo viu a oportunidade de criar um movimento inspirado nele, mas independente e colombiano.

"Há uma grande simpatia pelo presidente Chávez na Colômbia. Entrevistamos esses colombianos que foram até lá só para ver o venezuelano e começamos a nos reunir e a discutir como as ideias bolivarianas poderiam ser usadas aqui na Colômbia", contou Cuéllar.

Segundo ele, apesar de ser um grupo político ainda muito novo, o MSB se aproveitou de uma brecha legal deixada pela mudança constitucional que permitiu que o presidente Uribe concorresse à reeleição em 2006. "A lei passou a dizer que, para concorrer à Presidência, o candidato tem que fazer isso por um partido que tenha apoio de pelo menos 3% do eleitorado da última votação para presidente", disse, se referindo às 355 mil assinaturas que precisa coletar.

Partido "chavista" da Colômbia

Até o lema oficial seguido pelo MSB é inspirado no cubano revitalizado na Venezuela, com uma pequena alteração: "Hasta La Victoria … Siempre Más Allá" (Até a vitória... sempre mais além). Apesar de admitir abertamente a inspiração no que está sendo feito na Venezuela nos últimos dez anos, Cuéllar rejeita o rótulo de "chavista" constantemente usado por jornais do país para se referir ao MSB.

"Chávez é o presidente da Venezuela, não da Colômbia. Estudamos muito profundamente o governo dele e vemos que ele é um presidente muito bom e que a Venezuela é um exemplo de democracia. Concordamos com suas visões, com seu projeto, com sua ideia de que é preciso ter autonomia petroleira, mas somos a Colômbia, não a Venezuela. Precisamos criar um movimento que possa implementar o bolivarianismo em nosso país, que tem uma realidade diferente. Por isso não gostamos do termo. Mesmo assim, Chávez é o maior representante do bolivarianismo e o consideramos um exemplo a ser seguido", explicou.

Cuéllar disse que até agora não conversou com Chávez sobre o projeto. "Não tive a oportunidade de sentar com ele para discutir o movimento, mas queremos muito ter a oportunidade e ter o apoio dele."

Brasil tímido Os elogios que ele destina ao país vizinho não são esticados ao Brasil governado por Luiz Inácio Lula da Silva. Para Cuéllar, o governo Lula é tímido nas mudanças sociais, e também deveria abraçar a onda vermelha impulsionada pela Venezuela.

"Respeitamos muito a democracia brasileira. Há um processo real de mudança no país, por mais que seja um movimento mais lento de que o que assistimos na Venezuela, na Colômbia e na Bolívia. Falta contundência a Lula, falta povo", disse, alegando que o bolivarianismo também tem crescido como ideologia de pessoas da esquerda do Brasil, e precisa se firmar.

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