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Estados Unidos

Instituto de Artes em Detroit escapa de perder acervo notável para pagar dívida

Venda de obras do patrimônio cultural era cogitada como alternativa para pagar contas acumuladas com credores

Fachada do Instituto de Artes de Detroit, que tem o acervo classificado entre os seis melhores dos Estados Unidos e é um dos locais que resiste à crise em que a cidade mergulhou em 2008 | Vasenka Photography/Creative Commons
Fachada do Instituto de Artes de Detroit, que tem o acervo classificado entre os seis melhores dos Estados Unidos e é um dos locais que resiste à crise em que a cidade mergulhou em 2008 (Foto: Vasenka Photography/Creative Commons)
Picasso, Van Gogh, Diego Rivera, Paul Gauguin e Basquiat: um dos melhores museus dos EUA tem como marca a diversidade da coleção, que vai de arte contemporânea a clássicos |

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Picasso, Van Gogh, Diego Rivera, Paul Gauguin e Basquiat: um dos melhores museus dos EUA tem como marca a diversidade da coleção, que vai de arte contemporânea a clássicos

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Sacrificar um museu para salvar uma cidade quebrada? Este cenário está agora mais longe de acontecer em Detroit, depois que um juiz descartou uma nova taxação das obras e outro criou uma campanha de recolhimento de fundos à qual se somaram várias fundações e um governador.

Veja a situação econômica de Detroit

Detroit, sob a pressão da pior quebra municipal da história dos Estados Unidos, corre contra o tempo há meses a fim de evitar que seus quadros de Van Gogh e outras obras do Instituto de Artes acabem transformados em dinheiro para acalmar os credores.

O juiz Gerald Rosen, que se autoproclamou mediador e lidera um movimento para arrecadar US$ 500 milhões, número que segundo seus cálculos permitiria salvar as pensões e outras prestações municipais em perigo. A soma evitaria que Detroit, uma cidade em tempo de vacas magras com uma fama atual de decadente e perigosa, receba o golpe moral de ficar sem um dos poucos pontos de prestígio que ainda conserva: sua coleção de arte, uma das seis melhores do país.

Mais

Outro juiz, Steven Rho­­des, foi quem deu sinal verde para que a cidade pudesse se declarar quebrada, rejeitou na última quarta-feira a última exigência dos credores: uma segunda taxação da coleção do museu que inclua desta vez todas as obras e não só as adquiridas com fundos municipais.

Os credores consideram "conservadora e insuficiente" a taxação que a prefeitura encarregou à casa de leilões Christie’s, que estimou que as obras compradas pela cidade, um total de 2.773 peças que representam apenas 5% do total, teriam um valor de venda de US$ 454 milhões a US$ 867 milhões.

Rhodes descartou sem rodeios a criação de uma comissão para avaliar as 66 mil peças do museu com o argumento de que não compete a ele fazer isso. O juiz não escondeu que, embora tivesse autorização para atender a essa demanda, não o faria.

O magistrado é um ator-chave no desenlace desta disputa entre a arte e as dívidas e a partir de suas palavras é possível perceber uma evidente reticência sobre a prefeitura pagar os erros de sua gestão com o patrimônio dos cidadãos.

Rhodes não foi o único a ter boas notícias sobre o Instituto de Artes de Detroit, o governador do estado de Michigan, Rick Snyder, propôs uma verba de US$ 350 milhões para os próximos 20 anos, destinada a aliviar a quebra da cidade e, concretamente, a cobrir as pensões dos aposentados.

Economia

Doações ajudam museu a se livrar de dependência do poder público Nove fundações privadas atenderam ao apelo do juiz Gerald Rosen e doarão US$ 330 milhões ao Instituto de Artes de Detroit. Os fundos não só poderiam salvar o momento presente do museu, mas também o deixariam blindado perante vaivéns econômicos futuros. Se a iniciativa progredir, o Instituto de Arte de Detroit se transformaria em uma organização sem fins lucrativos, independente tanto do poder municipal como das fundações, o que colocaria um ponto final em uma história de contínuos sobressaltos para a pinacoteca, inaugurada em 1919. A cada doação, os responsáveis do museu comemoram, e esperam que, com o apoio explícito da Justiça, do governador e dos profissionais da cultura do país afaste o cenário mais temido: a venda das grandes obras de um dos mais importantes museus do país.

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