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 | LUIS ROBAYO
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| Foto: LUIS ROBAYO AFP

A intervenção estatal sobre o maior banco privado da Venezuela por suposta especulação monetária é política, afirmou nesta sexta-feira (4) o presidente do Banesco Grupo Financeiro Internacional, Juan Carlos Escotet. 

"É uma decisão exclusivamente política, tomada no afã de querer distrair a opinião pública dos grandes problemas que os venezuelanos vivemos", afirmou Escotet em vídeo publicado em uma rede social.

Nascido na Venezuela, Escotet vive na Espanha e voltou nesta sexta ao país latino-americano após o governo do ditador Nicolás Maduro anunciar uma intervenção de 90 dias no Banesco, a prisão de 11 de seus executivos e o fechamento de 900 contas do banco. Entre os presos está o CEO do banco, Óscar Doval.

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Em uma carta, Escotet disse que voltou para "responder às perguntas das autoridades". Ele afirmou que o Banesco entregou as informações pedidas pelas autoridades sobre operações suspeitas e sustentou que o problema do sistema financeiro venezuelano é a hiperinflação, que não foi provocada por seu banco e nenhuma outra instituição bancária.

"Não há razões financeiras para justificar a intervenção - nem por um dia, e muito menos por 90", escreveu.

"O problema é a escassez do papel-moeda, associado a um mercado que tenta proteger seus bens adquirindo dólares, que é o bem mais apetecido por milhões de cidadãos", acrescentou. 

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A Venezuela enfrenta uma escassez de moeda que, segundo analistas, se deve à inflação, de 1.088% em 2017, segundo o FMI. Uma reforma monetária que prevê o corte de três zeros e a introdução de novas notas está prevista para junho. 

A Procuradoria venezuelana suspeita que centenas de contas do Banesco estavam sendo utilizadas para movimentar o mercado negro do dólar, no qual a divisa é cotada até 12 vezes acima da taxa oficial. 

No vídeo, Escotet afirmou que "em algum momento o estado de direito se imporá novamente" e que vai recuperar "a propriedade do banco quando for o caso".

Também pediu aos funcionários que não abandonem seus postos e aos clientes, que mantenham seus depósitos. 

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O chavismo culpa com frequência o setor privado pela hiperinflação e a crônica falta de produtos nas prateleiras. No próximo dia 20, o país realiza eleições presidenciais que quase toda a oposição decidiu boicotar.

Muitos venezuelanos manifestaram preocupação de que o governo Maduro esteja buscando obter controle sobre as remessas de expatriados venezuelanos, que acabam sendo depositadas em bancos como o Banesco. Eles temem que o banco seja expropriado e que o dinheiro desapareça.

"Estou retirando meu dinheiro agora. E estive transferindo para minha outra conta, fora do Banesco, só por garantia", disse Wilmer Sanchez, 47. "Isso é malicioso. Eles estão tentando obter controle sobre o Banesco há um tempo." 

"Eles ficam nos empobrecendo e agora estão mexendo com o que nossos filhos nos mandam de fora para sobreviver", afirmou Mireya Gomez, 71, na cidade de Puerto Ordaz. Gomez tem um filho na Alemanha. 

Escotet afirmou que as 900 contas que o governo apontou como tendo atividades suspeitas têm depósitos equivalentes a US$ 1.000. 

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