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Assassinato

Irã acusa EUA e Israel pela morte de físico nuclear

Professor é transformado em herói pelo regime, mas teria assinado lista de apoio à oposição nas eleições

Moradores de Teerã observam o local onde o professor foi morto após a explosão de uma bomba deixada numa motocicleta: contradições | Reuters
Moradores de Teerã observam o local onde o professor foi morto após a explosão de uma bomba deixada numa motocicleta: contradições (Foto: Reuters)
Mohammadi: de suposto opositor a mártir do regime dos aiatolás |

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Mohammadi: de suposto opositor a mártir do regime dos aiatolás

Um físico e pesquisador iraniano morreu ontem em um atentado cercado de mistério. O ataque surge em meio à crescente pressão contra o regime de Teerã por causa de seu programa nuclear e da repressão aos opositores.

Masoud Ali Mohammed, que tinha 50 anos, foi morto ao sair de casa na explosão de uma bomba colocada em uma motocicleta em frente ao prédio onde morava, em Teerã, e acionada por controle remoto. A explosão des­­truiu carros e vidros de casas nas cercanias.

Autoridades deram declarações contraditórias sobre a autoria do atentado. A Chancelaria culpou os serviços secretos americano e israelense. Washington rejeitou as acusações, e Israel não quis comentar.

Já o canal de tevê oficial Al- Alam atribuiu a ação aos Muja­­hedin do Povo, um grupo opositor exilado que quer instaurar no Irã um regime islâmico socialista. Os mujahedin também negaram participação.

Outro veículo oficial, a agência Fars, acusou a Associação do Reino do Irã, um grupo contrário à Revolução Islâmica de 1979 – que derrubou a monarquia do xá Reza Pahlevi e instaurou o sistema em vigor.

Também não está clara a relação que Mohammed, professor de Física na Universidade de Te­­erã, tinha com o programa nu­­clear iraniano.

O escritório de assuntos nu­­cleares disse que ele não estava envolvido nas atividades do go­­verno. Mas o braço da milícia pró-governo Basij da Universida­­de de Teerã afirmou que o pesquisador havia prestado "importantes serviços ao progresso nuclear’’ do governo iraniano – que nega buscar a bomba e ne­­gocia com o Ocidente solução que lhe permita continuar enriquecendo urânio para supostamente produzir energia e fazer pesquisa médica.

A milícia Basij afirmou que Mohammed constava na lista de iranianos sujeitos às sanções fi­­nanceiras dos EUA e da ONU.

Autoridades de segurança afir­­maram que o objetivo do atentado era frear o programa nuclear iraniano.

Analistas dizem que o assassinato de um cientista não bastaria para afetar o enriquecimento de urânio no Irã, no qual trabalham dezenas de engenheiros altamente qualificados. O site da Universidade de Teerã afirma que Mohammed era perito em física de partículas, não em energia atômica.

Sites reformistas dizem que Mohammed não estava ligado ao governo, mas à oposição. Seu nome estaria numa lista de 420 professores de Te­­erã que assinaram um documento apoiando a candidatura de Mir Hossein Mousavi na eleição presidencial de junho, na qual o ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad foi reeleito.

Suspeitas de fraude deflagraram uma onda de protestos antigoverno, que deixou até agora ao menos 40 mortos e dezenas de prisioneiros. O ataque a Mohammed serviria como um aviso aos inimigos do regime.

Em maio, um importante cientista da central de Natanz desapareceu durante a peregrinação a Meca. O Irã acusou a Inteligência saudita de tê-lo sequestrado a pedido dos Es­­tados Unidos.

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