Pittsburgh - Os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da França, Nicolas Sarkozy, e o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Gordon Brown, acusaram ontem o Irã de estar construindo uma usina atômica escondida dentro de uma montanha, em flagrante desrespeito às regras de não proliferação nuclear.
Algumas horas depois de um duro comunicado dos chefes de Estado e de governo reunidos em Pittsburgh para a reunião do Grupo dos 20 (G-20, que reúne as nações mais industrializadas e as principais potências emergentes do mundo), o Irã confirmou publicamente a existência da usina de enriquecimento de urânio e defendeu sua construção.
Obama disse que prefere a via diplomática para persuadir o Irã a renunciar ao enriquecimento de urânio, mas advertiu Teerã a não adotar um caminho que possa levar à confrontação.
O Irã é "um enganador em série", acusou Gordon Brown, que falou ao lado de Obama e Sarkozy antes do início dos trabalhos do dia da reunião de cúpula do G-20. Sarkozy ameaçou impor sanções contra o Irã se o país não cumprir até dezembro as determinações da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
"O Irã está quebrando as regras que todos os países precisam seguir e ameaçando a estabilidade e segurança da região e do mundo", disse o presidente Obama. Segundo ele, essa usina "representa um desafio à fundação do regime de não proliferação".
Desde que assumiu, em janeiro, Obama vem adotando uma nova estratégia de diálogo com o Irã, afastando-se da abordagem de isolamento do governo iraniano pelo ex-presidente George W. Bush.
Para 1.º de outubro estão marcadas negociações do Irã com o chamado sexteto, integrado pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU) mais a Alemanha, em Genebra.
Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Obama conversaram rapidamente ontem de manhã sobre o Irã, afirmou o embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Antonio Patriota.
"Em essência, ele (Obama) disse que acha bom, ou positivo, que o Brasil converse com o Irã. Ele concordou com a tese do presidente Lula de que não é produtivo isolar o Irã e deixar que fale apenas com um punhado de países", afirmou Patriota.



