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Representantes israelenses e iranianos participaram em setembro de uma conferência no Cairo sobre não-proliferação nuclear no Oriente Médio, num raro contato oficial entre os dois países desde da Revolução Islâmica de 1979

O encontro - desmentido por Teerã, mas confirmado por Israel, Austrália e Egito - ocorreu em 29 e 30 de setembro, na véspera de duas outras cúpulas internacionais definitivas para tentar frear a suposta pretensão iraniana de produzir armas atômicas - a reunião de Genebra, no dia 1º, e a de Viena, concluída quarta-feira.

A informação de que Teerã vinha discutindo seu programa nuclear com a comunidade internacional desde setembro - até mesmo com seu principal rival, Israel - mostra que o regime do presidente Mahmoud Ahmadinejad pode estar disposto a debater assuntos tão sensíveis quanto seu programa de enriquecimento de urânio.

Os países envolvidos na última das três reuniões, em Viena, devem responder na sexta-feira se aceitam ou não os termos do acordo segundo o qual Teerã enviaria 75% (1.200 quilos por ano) de seu urânio de baixo enriquecimento para ser processado na Rússia.

A conversão do material radioativo no exterior atenderia às necessidades de uso médico manifestadas por Teerã e, ao mesmo tempo, dificultaria seu emprego com finalidades militares.

A porta-voz da Organização Atômica do Irã, Ali Shirzdian, disse que "nenhum diálogo ou interação" entre os representantes israelenses e iranianos ocorreu no Cairo e atribuiu a divulgação da notícia "a uma operação psicológica para minar os bem-sucedidos encontros de Genebra e de Viena".

Segundo o jornal israelense Haaretz, a diretora de política e controle de armas da Comissão de Energia Atômica de Israel (CEAI), a israelense Meirav Zafary-Odiz, e o embaixador iraniano na AIEA, Ali Asghar Soltanieh, encontraram-se em três mesas de discussão no Cairo, ao lado de representantes de outros países, conversando e apresentando perguntas e respostas.

Os dois não se encontraram fora das sessões nem trocaram apertos de mãos, mas, segundo a apuração do jornal israelense, conversaram durante o evento. Em uma das discussões, Soltanieh perguntou diretamente a Meirav: "Afinal, vocês têm ou não armas nucleares?"

A israelense sorriu, mas não respondeu, segundo testemunhas. Oficialmente, Israel não confirma nem desmente a posse de armas nucleares, mas especialistas calculam que o país possua cerca de 200 ogivas.

A Arábia Saudita - que, como o Irã, não mantém relações diplomáticas com Israel - também participou do encontro, além de representantes dos EUA e de pelo menos outros seis países.

Os detalhes vieram a público na semana passada, depois que o jornal australiano The Age publicou declarações anônimas atribuídas a autoridades que teriam participado do encontro.

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