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Energia

Irã e potências terminam sem acordo a reunião sobre programa nuclear

Impasse alimenta temores de uma disparada do preço do petróleo num contexto de crise econômica e de uma nova guerra no Oriente Médio

Saeed Jalili, negociador-chefe do Irã, reclamou da proposta única das potências nucleares | Thaier al-Sudani /Reuters
Saeed Jalili, negociador-chefe do Irã, reclamou da proposta única das potências nucleares (Foto: Thaier al-Sudani /Reuters)

A reunião tida com a melhor oportunidade dos últimos anos para diluir a tensão acerca do programa nuclear iraniano terminou ontem, em Bagdá, sem acordo entre o Irã e as grandes potências.

As partes agendaram um novo encontro nos dias 17 e 18 junho em Moscou, num sinal de que ainda existe margem para negociação, apesar do impasse em Bagdá. Será o terceiro encontro em três meses entre o Irã e o grupo conhecido como P5+1 (China, Rússia, EUA, Reino Unido, França e Alemanha).

A perspectiva de ruptura do diálogo alimenta temores de uma disparada do preço do petróleo num contexto de crise econômica e de uma nova guerra no Oriente Médio.

"Divergências significativas permanecem. Mas concordamos sobre a necessidade de continuar a discussão", disse Catherine Ashton, chefe da diplomacia da União Europeia, que trata com o Irã em nome do P5+1.

Já o negociador iraniano, Said Jalili, afirmou que as conversas foram "incompletas". Ele queixou-se de que as potências fizeram apenas uma proposta, enquanto a delegação apresentou um pacote de ofertas.

A prioridade do P5+1 era um maior controle sobre o enriquecimento de urânio pelo Irã.

As potências pediram o desmantelamento da central de Fordo, construída em 2006 debaixo de uma montanha ao sul de Teerã, e o fim do enriquecimento a 20% – um grau que supera dificuldades iniciais de purificação e permite chegar rapidamente aos 80% necessários à fabricação da bomba atômica.

A República Islâmica nega querer a bomba e diz que os 20% são indispensáveis ao funcionamento de um reator nuclear que produz componentes químicos medicinais.

Caso aceitasse limitar seu enriquecimento, o Irã receberia combustível nuclear já pronto para uso no reator.

Além disso, as potências ajudariam o país persa a tornar mais segura sua infraestrutura nuclear e aliviariam o embargo que impede as empresas áreas iranianos de renovar sua frota.

Sem rejeitar claramente a oferta, Jalili respondeu com uma contraproposta, que foi vista como instrumento de barganha no esforço pelo principal objetivo do Irã: convencer as potências a aliviarem as sanções que sufocam a economia iraniana.

A oferta de Jalili pretendia incluir num eventual acordo temas de cooperação potencial, como a situação na Síria e o combate ao narcotráfico, área em que o Irã é elogiado pela ONU.

O P5+1 rejeitou a oferta, sob pretexto de que o Irã deve parar de enriquecer urânio a 20% antes de eventuais maiores concessões por parte das potências.

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