
O Irã proibiu seus cidadãos de manter contato com cerca de 60 ONGs ocidentais, com meios de comunicação estrangeiros e com os sites considerados "contrarrevolucionários", segundo uma lista divulgada ontem.
O Ministério da Inteligência, autor da lista, acusa todas essas organizações e empresas de terem influenciado os protestos antigoverno registrados no país desde a polêmica reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, em junho de 2009.
Entre as ONGs citadas figuram, principalmente, organizações americanas como Human Rights Watch, Brookings Institution, a fundação George Soros, National Endowment for Democracy (NED) e as fundações Ford e Rockfeller. Também foram citados como hostis à República Islâmica a Voz da América (VOA), a BBC, a Rádio Farda (financiada pelos Estados Unidos) e a Kol Israel (a rádio oficial israelense).
"Cooperar e assinar acordos com estas fundações e instituições que realizam uma revolução de veludo contra o Irã é ilegal, e receber apoio delas é proibido", afirmou a fonte, que cita um alto responsável do Ministério de Inteligência iraniano. O termo "revolução de veludo" refere-se à revolta da população tchecoslovaca, em 1989, que culminou com a queda do governo comunista. Naquele caso, porém, a revolta não chegou a ser agressiva.
A nota também pede aos iranianos que "evitem qualquer relação incomum com as organizações e com embaixadas e estrangeiros". "Partidos políticos estão proibidos de receber financiamento externo", acrescenta a nota.
O episódio mais recente e mais grave da crise política iraniana foi o violento protesto feito no último dia 27, data em que os xiitas celebram sua festa mais sagrada, a Ashura. Houve conflito e os agentes de segurança chegaram a atirar contra os manifestantes, segundo testemunhas. Nos distúrbios, oito pessoas morreram, segundo o governo, incluindo um sobrinho do líder da oposição no país, Mir Hossein Mousavi a oposição afirmou que os mortos somam 15.
Mais de 500 pessoas foram presas, incluindo cerca de dez oposicionistas, entre eles três conselheiros de Mousavi. Entre os presos estão também a irmã da advogada iraniana Shirin Ebadi, prêmio Nobel da Paz em 2003, e o jornalista sírio Reza al Basha, 27, que trabalha para a tevê oficial de Dubai.



