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Autoritarismo

Irã proíbe população de manter contato com ONGs

Restrições do regime se intensificaram após os protestos do fim de dezembro, quando oito pessoas foram mortas

Manifestante iraniano faz o sinal de vitória em Atenas, na Grécia: população se revolta contra imposições do regime | Louisa Gouliamaki/AFP
Manifestante iraniano faz o sinal de vitória em Atenas, na Grécia: população se revolta contra imposições do regime (Foto: Louisa Gouliamaki/AFP)

O Irã proibiu seus cidadãos de manter contato com cerca de 60 ONGs ocidentais, com meios de comunicação estrangeiros e com os sites considerados "contrarrevolucionários", segundo uma lista divulgada ontem.

O Ministério da Inteligência, autor da lista, acusa todas essas organizações e empresas de te­­rem influenciado os protestos antigoverno registrados no país desde a polêmica reeleição do presidente Mahmoud Ahma­­di­­nejad, em junho de 2009.

Entre as ONGs citadas figuram, principalmente, organizações americanas como Human Rights Watch, Brookings Institu­­tion, a fundação George Soros, National Endowment for Demo­­cracy (NED) e as fundações Ford e Rockfeller. Também foram citados como hostis à República Is­­lâmica a Voz da América (VOA), a BBC, a Rádio Farda (financiada pelos Estados Unidos) e a Kol Is­­rael (a rádio oficial israelense).

"Cooperar e assinar acordos com estas fundações e instituições que realizam uma ‘revolução de veludo’ contra o Irã é ilegal, e receber apoio delas é proibido", afirmou a fonte, que cita um alto responsável do Minis­tério de Inteligência iraniano. O termo "revolução de veludo" re­­fere-se à revolta da população tchecoslovaca, em 1989, que culminou com a queda do governo comunista. Naquele caso, po­­rém, a revolta não chegou a ser agressiva.

A nota também pede aos iranianos que "evitem qualquer relação incomum com as organizações e com embaixadas e es­­trangeiros". "Partidos políticos estão proibidos de receber financiamento externo", acrescenta a nota.

O episódio mais recente e mais grave da crise política iraniana foi o violento protesto feito no último dia 27, data em que os xiitas celebram sua festa mais sa­­grada, a Ashura. Houve conflito e os agentes de segurança chegaram a atirar contra os manifestantes, segundo testemunhas. Nos distúrbios, oito pessoas morreram, segundo o governo, in­­clu­­indo um sobrinho do líder da oposição no país, Mir Hossein Mousavi – a oposição afirmou que os mortos somam 15.

Mais de 500 pessoas foram presas, incluindo cerca de dez oposicionistas, entre eles três conselheiros de Mousavi. Entre os presos estão também a irmã da advogada iraniana Shirin Ebadi, prêmio Nobel da Paz em 2003, e o jornalista sírio Reza al Basha, 27, que trabalha para a te­­vê oficial de Dubai.

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