
Genebra - A iraniana condenada à morte Sakineh Ashtiani pode ser executada "a qualquer momento" e a sentença de morte por apedrejamento "continua em vigor". O alerta foi dado ontem pela Anistia Internacional.
A declaração, apoiada por grupos de ativistas iranianos na Europa, é uma resposta às informações dadas pelo governo do Irã de que a vida da iraniana poderia ser preservada se a família do marido morto a perdoasse.
Para a Anistia, a suposta revisão do processo seria apenas uma forma para reduzir a pressão internacional. Segundo os documentos oficiais, a execução estava marcada para hoje. Mas, diante da pressão internacional cada vez maior, o governo adiou mais uma vez e indica que o veredicto será conhecido apenas no domingo.
Diante da dimensão internacional que ganhou o caso, a diplomacia iraniana se apressou no início da semana para anunciar que a execução por apedrejamento, como estava previsto, havia sido abandonada e que ficou apenas a condenação à morte por enforcamento. A mudança ocorreu porque Sakineh não seria mais julgada por adultério, mas sim pela morte do marido.
O governo deixou claro que a opção de mandá-la como refugiada ao Brasil, como havia oferecido o governo brasileiro, não estava sendo considerada.
ONGs acusam o governo iraniano de estar distorcendo as informações. "Isso é uma manipulação", acusou Mina Ahani, refugiada iraniana na Europa e que coordena o grupo de apoio à Sakineh. "Trata-se de um governo fascista que muda regras dependendo da conveniência", disse.
Segundo ela, a família do marido assassinado, por meio de seu próprio advogado, já declarou que não quer o enforcamento de Sakineh. "A Justiça já sabe dessa posição. Não há por que ainda ter alguma dúvida. Se era só disso que dependia a vida de Sakineh, então estaria tudo resolvido", disse.
Presa desde 2005 por adultério, Sakineh já foi condenada a 99 chibatadas em 2006 e, em 2007, voltou a ser condenada à pena de morte por apedrejamento. Agora, está ameaçada de enforcamento.
Amorim diz que gesto humanitário faria bem ao Irã
Sem receber qualquer resposta oficial de Teerã sobre a oferta brasileira de dar asilo à iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, preferiu manter uma ponta de otimismo quanto ao desfecho do caso. Dizendo que um gesto humanitário seria positivo para a imagem do Irã, o chanceler lembrou que, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou a república islâmica, em maio passado, "as autoridades iranianas revelaram alguma generosidade" ao libertarem uma prisioneira francesa.
Mesmo diante da incerteza, o ministro não descartou a possibilidade de um novo envolvimento do Brasil nas negociações acerca do programa nuclear da república islâmica.



