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Mudanças no acordo, que prevê a permanência norte-americana no Iraque, não foram divulgadas por líderes iraquianos | Goran Tomasevic / Reuters
Mudanças no acordo, que prevê a permanência norte-americana no Iraque, não foram divulgadas por líderes iraquianos| Foto: Goran Tomasevic / Reuters

Bagdá vai pleitear mudanças nos termos do acordo que autoriza a permanência das tropas norte-americanas a partir de 2009, mas sem renegociar a "espinha dorsal" do texto, disse nesta quarta-feira (22) o chanceler iraquiano, Hoshiyar Zebari.

"Na minha opinião, e com base no meu acompanhamento das negociações, não acho que haverá emendas estruturais. Talvez toquemos nos termos e descrições, possivelmente, mas a espinha dorsal do pacto é o que já foi decidido", disse Zebari à Reuters.

O gabinete iraquiano decidiu nesta terça-feira (21) solicitar alterações no pacto, cujo texto "final" havia sido definido na semana passada, após meses de complicadas negociações entre Washington e Bagdá.

A decisão de reabrir as negociações irritou os EUA, que temem um vácuo jurídico na ocupação do Iraque a partir do final deste ano, quando expira a resolução da ONU que autoriza a presença militar norte-americana.

"Há uma grande relutância em nos envolvermos mais no processo de redação", disse na terça-feira o secretário norte-americano de Defesa, Robert Gates. "Isso não é apenas uma espécie de exercício sobre o papel. As consequências de não haver um acordo seriam reais."

Até agora, os líderes iraquianos não divulgaram as mudanças que pleitearão no acordo, que prevê a permanência norte-americana até o final de 2011 e autoriza a Justiça local a julgar crimes cometidos por militares de folga.

Zebari disse que os norte-americanos aceitaram ouvir propostas de emendas, mas sem se comprometer com elas.

"Os próximos dias serão cruciais para determinar o destino deste pacto. Disseram-nos que estão preparados para examinar as emendas, mas até que ponto vão aceitá-las nós não sabemos. Ainda não estamos nesse estágio", disse Zebari.

Se o pacto não for concluído até o final do ano, as autoridades iraquianas cogitam solicitar uma prorrogação de emergência para o mandato da ONU. Dessa forma, o acordo bilateral seria discutido já com o novo governo norte-americano, que toma posse em 20 de janeiro.

"Precisamos, no governo iraquiano, nos preparar para caso não haja pacto. Deveríamos buscar outras alternativas. Uma delas é ir ao Conselho de Segurança da ONU e pedir a eles que prorroguem o mandato por mais um ano ou seis meses, até que chegue o novo governo (dos EUA). Precisamos estar prontos para tal opção."

Mas ele deixou claro que o Iraque prefere concluir logo o acordo a solicitar uma prorrogação da ONU. "A ausência deste pacto vai expor o país a nefastas consequências em termos de segurança, econômica e internacionalmente", disse ele.

O acordo com os EUA expõe divisões dentro da coalizão governista que reúne xiitas e curdos.

As facções curdas - às quais Zebari e o presidente Jalal Talabani são ligados - apoiaram o acordo e pareceram apanhadas de surpresa pela rejeição dos demais. Há poucos dias, Zebari dizia que o acordo era uma versão final, que dificilmente seria renegociada.

Mas a aliança xiita do primeiro-ministro Nuri Al Maliki esteve entre os primeiros a exigir emendas. O próprio Maliki ainda não se manifestou em público sobre o tratado, embora ele tenha escolhido pessoalmente os negociadores.

Pode ser politicamente difícil para os xiitas governistas apoiarem o acordo. Os seguidores de Maliki vão se submeter a uma importante eleição no começo de 2009, disputando espaço com a oposição xiita, liderada pelo clérigo Moqtada Al Sadr.

O vizinho Irã, de governo xiita, é frontalmente contra o acordo, alegando que ele estabelece uma presença quase definitiva dos EUA, seus inimigos, na região. Washington acusa Teerã de pressionar parlamentares iraquianos xiitas a derrubarem o acordo.

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