O governo do Iraque exigiu nesta sexta-feira a retirada imediata de tropas iranianas que assumiram o controle de um campo de petróleo no sul do país.
"O Iraque exige a retirada imediata do reservatório número 4 e do campo de Fakka, que é de propriedade do Iraque. O Iraque busca uma solução pacífica e diplomática para esta questão", disse o porta-voz do governo, Ali al-Dabbagh.
Funcionários iraquianos disseram que soldados iranianos tomaram nesta sexta-feira o controle de um poço de petróleo em uma zona disputada na fronteira entre os países.
Irã e Iraque disputam o território ao longo da fronteira e têm trocado acusações sobre as reservas de petróleo de um campo compartilhado.
Alguns relatos indicam que houve troca de tiros e que os iranianos ocuparam o local. O incidente acontece enquanto políticos iraquianos - muitos dos que fazem críticas à influência iraniana - preparam-se para as eleições parlamentares, marcadas para março. Essa circunstância pode inflamar a retórica política e aumentar a importância de um incidente menor.
O vice-ministro de Relações Exteriores do Iraque, Mohammed Haj Aziz, disse à Associated Press que tropas iranianas tomaram a área ao redor de um poço de petróleo no campo de Al-Fakkah. Ele disse não saber que os iranianos ainda continuavam no controle do local. Anteriormente, funcionários iraquianos negaram que qualquer incursão tivesse ocorrido.
Aziz disse que os Ministérios de Relações Exteriores e do Petróleo estudavam que medidas tomar e consideravam a possibilidade de convocar o embaixador iraniano para discutir o assunto no sábado. A emissora estatal iraquiana de televisão informou que o Conselho de Segurança Nacional, liderado pelo primeiro-ministro Nouri al-Maliki, reuniu-se nesta sexta-feira para discutir a questão, segundo a AP. Funcionários do ministério do Petróleo não foram encontrados para comentar o assunto.
O vice-ministro do Interior, Ahmed Ali al-Khafaji, desmentindo declarações feitas anteriormente, disse à Reuters que soldados iranianos invadiram o território iraquiano e se instalaram no campo de produção. O ministro disse que a incursão de sexta-feira foi a última de uma série realizada nesta semana.
Um funcionário do governo da região onde está o campo disse que os iranianos continuavam no controle do poço 4. Segundo ele, um grupo de menos de doze soldados iranianos ocupou o poço, mas fizeram o mesmo duas semanas atrás. Eles abriram fogo, uma bandeira iraniana foi levantada e continuam a ocupar a área, disse o funcionário.
O Iraque tem reservas petrolíferas estimadas em 115 bilhões de barris - as terceiras maiores reservas do mundo, atrás apenas da Arábia Saudita e do Irã.
"Duas semanas atrás, cerca de dez soldados iranianos ocuparam o poço 4 (de al-Fakkah) depois que petroleiros iraquianos começaram a trabalhar no poço perto da fronteira", disse ele.
Autoridades locais do da administração de Missan, no sudoeste do Iraque, disseram que os petroleiros suspenderam o trabalho até que o problema seja resolvido por meio de canais diplomáticos com o Irã, disse o funcionário.
O poço 4 fica no campo de al-Fakkah, parte de um série de campos produtores que o Iraque pôs à venda em leilão em junho. O campo tem reservas estimadas de 1,55 milhão de barris.
O incidente ocorreu apenas algumas semanas depois que funcionários dos Ministérios do Petróleo dos dois países terem se reunido em Bagdá para discutir a questão dos campos de petróleo e gás perto da fronteira compartilhada pelos dois países. O Iraque acusou o Irã de retirar petróleo bruto dos campos perto da fronteira com o Irã, incluindo al-Fakkah.
Segundo um funcionário do Pentágono, as disputas sobre "perfurações horizontais" - o Iraque acusa o Irã de roubar petróleo - são comuns na área e o Irã já entrou no campo antes. O funcionário acrescentou que apesar de esta incursão parecer "mais agressiva", os Estados Unidos não temiam que ela poderia levar a um aumento das tensões entre Bagdá e Teerã. "Este campo de petróleo está num território disputado entre o Irã e o Iraque", disse o oficial. "Não é incomum que esse tipo de incursão aconteça".
Após a invasão norte-americana de 2003, o Irã tomou seis campos no campo produtor de Abu Ghraib, afirmando que estavam em território disputado que deveria ser fechado até que a disputa fronteiriça fosse definida, disseram funcionários iraquianos.
No ano passado, a comissão de integridade iraquiana, um órgão independente que fiscaliza a corrupção governamental, acusou o Irã de controlar mais de 15 poços na fronteira de al-Teeb, no sul do Iraque. O Irã negou as acusações.



