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Iraquianos protestaram na terça-feira contra a corrupção e o desemprego em todo o país, ecoando as manifestações contra os governos de várias nações árabes.

Passeatas contra a má qualidade dos serviços públicos e a falta de alimentos são comuns no Iraque, mas na terça-feira os participantes fizeram pela primeira vez referência direta à turbulência que sacode outros países da região.

Na cidade sunita de Falluja, no oeste do país, cerca de mil pessoas se reuniram nos arredores da prefeitura para exigir melhorias nos serviços públicos e mais empenho no combate à corrupção.

Na localidade petrolífera de Kirkuk, no norte, cerca de cem pessoas participaram de um ato público. Outras 200 fizeram um protesto em Basra, porto petrolífero no sul do país.

Em Falluja, um homem tentou atear fogo ao próprio corpo, repetindo os gestos de manifestantes da Tunísia e Egito, cujos presidentes foram depostos por rebeliões populares neste ano. Ele foi contido por outros manifestantes.

"O destino dos nossos governantes corruptos será o mesmo do (egípcio Hosni) Mubarak e do (tunisiano) Zine al Abidine Ben Ali", disse o universitário Jamal Abdullah, de 21 anos, no protesto de Falluja. "É a vez da juventude, não iremos silenciar contra as violações e a corrupção."

Passados quase oito anos da invasão norte-americana ao país, o Iraque demora a melhorar seus serviços públicos. A infraestrutura é antiquada, a escassez de energia é persistente e a frustração popular está crescendo.

Mas, ao contrário de outros países da região, a ditadura iraquiana caiu na época da invasão norte-americana, e os novos governantes prometem reconstruir o país.

O primeiro-ministro Nuri al Maliki, reconduzido a um novo mandato em novembro, disse que os protestos são bem vindos.

"Admitimos que há escassez nos serviços e não queremos dar uma desculpa para essa carência, mas queremos esclarecer as razões, a saber, que a arrecadação fiscal não é suficiente", disse o premiê em reunião com líderes tribais na segunda-feira.

"A crise financeira é só por este ano e vai desaparecer no ano que vem, porque nossa produção de petróleo irá duplicar, e vamos cobrir muitas das nossas necessidades nas áreas de construção, reconstrução e investimento."

O Iraque possui uma das maiores reservas petrolíferas do mundo, mas seus problemas de infraestrutura afetam o desenvolvimento e exploração dos campos de petróleo.

Até agora, os protestos no Iraque são isolados e não parecem ter o mesmo ímpeto de outras partes do mundo árabe.

Pelo Facebook, vários grupos iraquianos convocam um protesto coordenado no dia 25. Um deles, chamado "Revolução do Iraque", tem quase 6.000 seguidores.

"Somos parte de um mundo afetado pelo que está acontecendo ao nosso redor", escreveu um membro do grupo no site. "A revolução da Tunísia e do Egito é uma grande motivação para que embarquemos nesse grande projeto."

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