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Nações Unidas

Israel e Palestina provocam “batalha” diplomática na ONU

Abbas pede reconhecimento para os palestinos e Netanyahu defende o Estado israelense, enquanto alternativas surgem nos bastidores

Palestinos realizam manifestação de apoio ao pedido que Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina, deve apresentar hoje à ONU, solicitando o reconhecimento como Estado | Ronen Zvulun/Reuters
Palestinos realizam manifestação de apoio ao pedido que Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina, deve apresentar hoje à ONU, solicitando o reconhecimento como Estado (Foto: Ronen Zvulun/Reuters)

Quando o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o presidente da Autoridade Na­­cional Palestina, Mahmoud Abbas, subirem hoje ao púlpito da Assembleia Geral da Or­­ga­­nização das Nações Unidas (ONU) para expor a sua versão sobre a paralisia e as perspectivas das negociações de paz no Oriente Médio, uma outra batalha ocorrerá nos bastidores.

A proposta francesa de um cronograma visando a um acordo definitivo no prazo de um ano foi considerada realista. Mas esbarra em três fatores: desafia o papel hegemônico da diplomacia norte-americana na região; o governo palestino do Fatah a superar as divergências com o Hamas; e a gestão Netanyahu a enfrentar a oposição política de seus aliados da direita ultranacionalista.

O plano apresentado pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, defendia a elevação da Palestina ao status de Estado observador na ONU e um cronograma claro: em um mês, haveria acordo sobre fronteiras; em seis meses, o entendimento so­­bre questões de segurança e, fi­­nalmente, em um ano, estaria pronto o acordo definitivo. O posicionamento prático agradou ao público palestino, decepcionado pelo discurso do presidente americano, Barack Oba­­ma. Ou "presidente Barack Ne­­tanyahu", como ironizou o co­­lunista Akiva Eldar, do diário Haaretz, criticando a passividade do americano — que mantém o atual status quo nos territórios disputados e favorece à inoperância do governo Netanyahu.

"Nossa primeira vitória é acabar com o monopólio americano do processo de paz. Os EUA não podem comandar negociações tratando a questão israelense-palestina como uma questão interna de Israel, deixando que façam o que quiserem. Ou como uma questão interna americana, com um presidente preocupado em como lobistas judeus vão votar em 2012. Pela primeira vez, Israel será obrigado a tomar uma iniciativa", disse Eyad al-Sarraj, psicólogo e ativista político.

Morador da Cidade de Gaza, Sarraj vê poucas esperanças da retomada de negociações, uma vez que ambos os lados são reféns de suas próprias realidades políticas — com o Hamas e a ultradireita israelense do mesmo lado, se opondo às negociações.

Para Avi Gil, ex-diretor do Mi­­nistério das Relações Ex­­teriores de Israel, falta uma diplomacia mais sofisticada. E, principalmente, discrição.

"Quando se envolve a mídia, a opinião pública, num mundo de internet, de informação, [ne­­gociações] viram um teatro e não diplomacia bruta. É preciso um esforço prático, de bastidores. Meu conselho aos israelenses é que coloquem sobre a mesa suas posições sobre a fronteira e sobre as necessidades de segurança para dar seriedade ao processo", disse Gil.

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