
Israel fechou ontem o acesso dos muçulmanos à Esplanada das Mesquitas também chamada de Monte do Templo pelos judeus e de Santuário Nobre pelos islamitas pela primeira vez em 14 anos, no meio de uma crescente tensão nos bairros árabes e no centro histórico de Jerusalém.
À medida que as tensões aumentaram ao longo do dia, de acordo com o jornal The New York Times, o governo israelense voltou atrás e afirmou que reabriria o local hoje.
A decisão foi adotada depois que, na última quarta-feira, um suposto atirador palestino tentou matar o rabino Yehuda Glick, líder de uma organização ultranacionalista e messiânica que promove a colonização de Jerusalém e a mudança do status quo na citada esplanada, o terceiro local mais sagrado do Islã.
Segundo a versão oficial, Mutanaz Hijazi, um ex-detento de 32 anos e membro do grupo radical palestino Jihad Islâmica, se aproximou do religioso na saída de uma conferência no centro Menachen Begin, em Jerusalém Oriental, e, após perguntar o nome dele, disparou três vezes.
Hijazi, que trabalhava no restaurante do centro Begin, foi morto ontem de manhã pela polícia israelense no bairro árabe de Abu Tor, onde aparentemente resistiu à detenção. As autoridades israelenses alegaram "razões de segurança" para fechar totalmente a esplanada tanto aos muçulmanos como aos turistas.
Em setembro de 2000, o acesso foi fechado devido a uma visita do então líder da direita israelense, Ariel Sharon, que depois se tornou primeiro-ministro. O evento deflagrou protestos violentos de palestinos que culminaram na Segunda Intifada, insurgência contra o Estado de Israel. A primeira havia acontecido em 1987.
A medida foi condenada tanto pelo xeque a cargo da gestão do recinto, Azam Tamimi, como pelo governo da Jordânia, que exerce a autoridade ali desde os acordos de paz assinados em 1994 entre Israel e Jordânia.
"É a primeira vez que o santuário está fechado para os que rezam. Não podemos entender essa escalada das autoridades israelenses contra nossos locais sagrados. É um passo muito perigoso que só acrescenta gasolina à pira que começou a arder na Cidade Antiga", afirmou Tamimi.
O ministro de Assuntos Islâmicos jordaniano, Hayel Dawoud, assegurou que a medida representa uma "escalada perigosa e um inaceitável estado de terrorismo porque implica que os fiéis muçulmanos estão proibidos de entrar no santuário".



