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Netivot, Israel (Reuters) – Forças de segurança israelenses impediram milhares de manifestantes de seguir viagem, ontem, para os assentamentos judaicos da faixa de Gaza, onde participariam de uma passeata contra a retirada israelense do território ocupado. As autoridades israelenses mobilizaram 20 mil policiais e soldados para impedir a passagem de centenas de ônibus com manifestantes, que protestariam contra o plano do primeiro-ministro, Ariel Sharon. A medida aumentou a irritação da direita contra Sharon, que considera a retirada dos assentamentos de Gaza uma forma de "desengajar" Israel do conflito com os palestinos.

O bloqueio dos manifestantes aconteceu no momento em que a tensão entre israelenses e palestinos está no auge, devido à pior onda de violência desde o início da trégua de fevereiro. Na quinta-feira, um míssel lançado por palestinos matou a jovem Dana Galkovitz, de 22 anos, uma israelense filha de um brasileiro e de uma argentina que vivia em uma localidade próxima de Gaza. Soldados israelenses mataram ontem um palestino de 15 anos perto de um bloqueio rodoviário em Gaza, segundo médicos e testemunhas.

Em risco

A instabilidade ameaça o plano de Sharon de retirar todos os 21 assentamentos judaicos de Gaza e quatro dos 120 da Cisjordânia a partir do dia 15 de agosto, na primeira saída israelense das terras que os palestinos reivindicam para seu Estado. Os líderes colonos haviam ameaçado desafiar a proibição do governo ao protesto, que pretendia atrair mais de 100 mil pessoas. Os colonos disseram que a polícia conteve alguns ônibus e que manifestantes usaram carros para driblar as restrições.

O conselho de colonos Yesha, que organizou o protesto, acusou Sharon de usar "táticas ditatoriais".

Amihai Shai, comandante policial de Israel, disse que "foi tomada a decisão de conter os ônibus na saída, em todo o país, até as Colinas de Golã, para que apenas um pequeno número chegue ao sul e assim possamos... minimizar o confronto".

Apesar da proibição, milhares de pessoas participaram de uma manifestação na cidade de Netivot, com bandeiras laranja, a cor dos colonos. "Ninguém devia tentar nos tirar de nossa terra. Ela é um presente de Deus", disse à multidão Mordechai Eliahu, ex-rabino-chefe de Israel. Os organizadores disseram que pretendiam fazer uma passeata até o assentamento de Gush Katif.

Pesquisas mostram que a maioria dos israelenses (51%) é favorável ao plano de Sharon, visto pela comunidade internacional como um passo para a renovação do processo de paz na região. Cerca de 8.500 colonos judeus vivem entre 1,3 milhão de palestinos na área empobrecida de Gaza.

Os palestinos, por sua vez, temem que o plano seja um artifício para consolidar o controle de Israel sobre a Cisjordânia, que é muito maior e que abriga a maioria dos 240 mil colonos. Militantes palestinos de Gaza continuaram lançando foguetes e granadas de morteiro contra alvos isralenses apesar da promessa do presidente palestino, Mahmoud Abbas, de fazer o máximo para evitar tais ataques. Ontem, o ministro de Assuntos Civis da Autoridade Palestina (AP), Mohammed Dahlan, pediu aos palestinos para apoiar a retirada de Israel.

O fogo diminuiu de intensidade em relação aos últimos dias. Os ataques chegaram a fazer com que Israel mobilizasse tanques na fronteira e ameaçasse com uma ofensiva de grande escala em terra. Mediadores egípcios reuniram-se com militantes de Gaza para impedir que a trégua desmorone. A secretária norte-americana de Estado, Condoleezza Rice, marcou uma viagem à região para esta semana.

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