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Israel fez pesados ataques por ar e por terra à Cidade de Gaza nesta quinta-feira | Reuters
Israel fez pesados ataques por ar e por terra à Cidade de Gaza nesta quinta-feira| Foto: Reuters

O Exército de Israel anunciou nesta quinta-feira (15) que matou Said Siam, ministro do Interior do Hamas, durante ataque no norte da Cidade de Gaza. O Hamas, por meio de seu canal de TV em Beirute, no Líbano, confirmou a baixa e prometeu vingança.

Said, um dos principais líderes do movimento islâmico que controla a Faixa de Gaza, estava em um prédio de três andares que foi destruído num bombardeio, segundo testemunhas.

Israel disse que tratou-se de uma operação conjunta do Exército com o Shin Beth (serviço israelense de segurança). O irmão do líder do Hamas, Iyad Siam, e uma terceira pessoa também morreram.

Foi o segundo líder importante morto por Israel durante a ofensiva. Em 1º de janeiro, Nizar Rayyan foi morto durante ataque aéreo ao campo de refugiados de Jabalia.

Veja a cobertura completa dos ataques de Israel à Faixa de Gaza

Cerco à Cidade de Gaza

Israel fez pesados ataques por ar e por terra à Cidade de Gaza nesta quinta-feira, 20º dia da ofensiva. Um prédio de uma agência da ONU, um edifício que reunia redações da imprensa internacional e um hospital foram bombardeados.

O premiê de Israel, Ehud Olmert, disse que o ataque à sede de uma agência da ONU ocorreu em reação a disparos de atirados palestinos feitos de dentro do prédio.

Três funcionários da agência ficaram feridos. Segundo um funcionário, os armazéns do complexo pegaram fogo, e toneladas de ajuda humanitária foram destruídas.

"É absolutamente verdade que nós fomos atacados a partir daquele lugar", disse Olmert na TV isralense. "Mas as consequências foram muito tristes, e eu peço desculpas."

Uma explosão atingiu um bloco de edifícios que abriga as sucursais de várias organizações de mídia árabes e ocidentais, inclusive da agência Reuters. Dois cinegrafistas palestinos de um canal de Abu Dhabi ficaram feridos, segundo testemunhas.

Jornalistas da Reuters disseram que a explosão, provocada por um projétil israelense, ocorreu no 13º andar da torre Al-Shurouq Tower, no bairro de mesmo nome. Os jornalistas deixaram o prédio depois do ataque.

O andar atingido abriga uma TV local. O escritório da Reuters fica um andar abaixo. O prédio abriga ainda a rede de TV americana Fox, a britânica Sky News, a luxemburguesa RTL e as árabes Al Arabiya e MBC.

Um hospital da cidade, do Crescente Vermelho (versão islâmica da Cruz Vermelha), também pegou fogo após um ataque israelense, segundo testemunhas e responsáveis pelo centro médico. Pelo menos quatro disparos de artilharia atingiram o prédio. Não há informações sobre vítimas.

"Ocorreram várias explosões nos prédios do hospital, em onde em uma das paredes há um grande buraco. Há muita confusão", disse à agência Efe a voluntária australiana Sharon Locke, do interior do centro hospitalar.

"Algumas pessoas trataram de escapar e outras de entrar no hospital e buscar refúgio", explicou Locke, especificando que um dos projéteis alcançou o edifício onde se armazenavam os remédios, destruídos pelo fogo.

"Não sabemos qual é a situação dos 500 pacientes, enfermeiras e pessoal médico", disse o diretor do hospital, Omer El-Azayza, de fora do complexo hospitalar.

Instalações da ONU já haviam sido atingidas por fogo israelense durante a ofensiva. Em 6 de janeiro, ataques a escolas mataram mais de 40. Dois dias depois, um comboio humanitário foi atacado. O boletim de guerra diário do Exército israelense fala em mais de 110 alvos atacados por ar desde a meia-noite, assim como em dezenas de confrontos armados por toda a Faixa e dentro da capital , que provocaram a fuga de milhares de civis..

A aviação de Israel também realizou ataques no norte da Faixa de Gaza. Uma mulher e os três filhos morreram em uma destas operações em Beit Lahya, segundo fontes médicas.

Os grupos armados palestinos também prosseguiram com os lançamentos de foguetes contra o sul de Israel. De acordo com o Exército, ao menos 14 foguetes disparados a partir da Faixa de Gaza caíram na manhã desta quinta-feira no país, sem provocar vítimas. Uma casa foi atingida em Sderot, a apenas cinco quilômetros da Faixa de Gaza.

Vítimas

Desde o início da ofensiva israelense na Faixa de Gaza, em 27 de dezembro, em resposta aos disparos de foguetes contra o Estado de Israel, 1.054 palestinos morreram, incluindo 355 crianças e 100 mulheres, e mais de 4.870 foram feridos, de acordo com o último balanço divulgado pelo diretor dos serviços de emergência em Gaza, Muawiya Hassanein.

Os disparos de foguetes contra o sul Israel mataram quatro civis desde 27 de dezembro. No total, 10 militares também morreram desde o começo da ofensiva.

Pressão

O líder do governo do Hamas na Faixa de Gaza, Ismail Haniyeh, pediu nesta quinta à opinião pública ocidental que pressione Israel para acabar com a ofensiva militar contra o território palestino, lembrando as condições do grupo radical para um cessar-fogo.

"Escrevo este artigo aos leitores ocidentais em todo o espectro social e político enquanto a máquina de guerra israelense continua massacrando meu povo em Gaza", afirma Haniyeh em uma carta aberta com o título "Minha mensagem ao Ocidente: Israel deve cessar a matança", publicada na edição desta quinta-feira do jornal britânico "The Independent".

"Os palestinos estão consternados ao ver que os membros da União Europeia não consideram este obsceno cerco uma forma de agressão", afirma Haniyeh, antes de acrescentar que o movimento islamita aceitaria um cessar-fogo com condições "claras e simples" que incluem o fim do bloqueio israelense.

"Israel deve acabar com sua guerra criminal e a matança de nosso povo, cessando totalmente e sem condições o cerco ilegal da Faixa de Gaza, voltando a abrir os pontos de passagem da fronteira e se retirando completamente."

Cessar-fogo próximo?

Ao mesmo tempo, a movimentação diplomática mundo afora dava a entender, na quarta-feira, que o esperado cessar-fogo pode estar próximo. Fontes que falaram à Associated Press sob anonimato disseram que a trégua negociada pelo Egito seria de dez dias.

Um porta-voz do premiê de Israel, Ehud Olmert, disse que Amos Gilad, veterano funcionário do ministério israelense de Defesa, estaria no Cairo na quinta-feira para negociar a trégua.

O Egito informou que vai transmitir a Israel a resposta do Hamas ao plano de cessar-fogo em Gaza, anunciou na quarta o ministro egípcio de Relações Exteriores, Ahmad Abul Gheit. Ele disse ter esperanças de que "as coisas se movam" em relação ao processo de paz.

Fontes diplomáticas citadas pela agência egípcia Mena disseram que o Hamas teria reagido "favoravelmente" à proposta.

O chanceler francês, Bernard Kouchner, também disse que "os contornos de um cessar-fogo se definem".

Ban Ki-moon se reúne com a ministra das Relações Exteriores, Tzipi Livni, com o primeiro-ministro Ehud Olmert e o presidente Shimon Peres, antes de viajar a Ramallah (Cisjordânia) na sexta-feira para um encontro com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas.

O presidente da Assembleia Geral da ONU, o nicaraguense Miguel d'Escoto, acusou Israel de "violar o direito internacional" com a ofensiva. Ele voltou a pedir o cumprimento da resolução do Conselho de Segurança da entidade, que pede um cessar-fogo imediato seguido de negociações para uma paz duradoura.

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