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Polêmica

Jornal de Uganda divulga lista com 200 homossexuais

Lei assinada pelo presidente do país africano na segunda (24) vai punir "atos homossexuais com agravantes" com prisão perpétua

Um jornal de Uganda publicou nesta terça-feira (26) uma lista com os 200 homossexuais "mais influentes" do país, um dia depois que o presidente Yoweri Museveni aprovou uma lei com punições mais severas aos homossexuais.

A Uganda já proibia o homossexualismo, mas desde segunda-feira (24) quando Museveni assinou a nova lei, "atos homossexuais com agravantes" poderão levar à prisão perpétua. A lei define como agravante sexo gay consentido entre adultos ou que envolva menores de idade, deficientes ou pessoas com HIV.

Segundo as agências de notícias, a lista do tabloide Red Pepper inclui ativistas LGBT já conhecidos no país e pessoas alegadamente homossexuais, mas também tem ugandenses que nunca se identificaram como gays.

Um popular cantor de hip-hop e um padre católico aparecem na reportagem, cujo título é "Expostos".

Entre os nomes, também estão os ativistas Pepe Julian Onziema, que tem alertado sobre a violência que a nova lei pode provocar, e Kasha Jacqueline, que tuitou nesta terça (25) que "a caça às bruxas na mídia está de volta".

Jacqueline referia-se a reportagem de um outro jornal do país, o Rolling Stone, que, em novembro de 2010, também listou nomes de homossexuais com a manchete "Enforquem-nos". Na época, um juiz concedeu uma liminar contra o jornal, impedindo a revelação da identidade de gays em suas páginas.

Em janeiro de 2011, o ativista David Kato, dirigente da organização Sexual Minorities Uganda (minorias sexuais de Uganda), que havia sido citado na reportagem, foi morto a pauladas na capital do país, Campala.

Jacqueline, que é assumidamente lésbica, disse que não está preocupada com ela por causa da reportagem do Red Pepper, mas sim com as pessoas que foram "falsamente acusadas de serem gays".

Ela mora em Campala e não pensa em deixar o país. "Ainda temos uma longa jornada, e a luta está só começando", afirmou.

Nesta terça (25), o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu ao governo de Uganda que a lei seja rapidamente revisada ou abolida.

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse que a relação entre os dois países, incluindo programas de assistência, estava sendo revisada internamente.

Uganda recebe cerca de US$ 400 milhões dos EUA a cada ano. O senador Patrick Leahy propôs nesta terça que o país retivesse a ajuda.

A Holanda suspendeu o subsídio de US$ 9,6 milhões ao sistema judicial ugandense. Noruega e Dinamarca também cancelaram auxílio financeiro.

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