
O artigo Os Sinais da Morte do jornal do Vaticano LOsservatore Romano defende em sua edição de terça-feira que a declaração de "morte cerebral" não seja o parâmetro para definir o fim da vida, devido aos avanços científicos, o que teria respaldo de juristas, médicos e filósofos.
O artigo é assinado pela jornalista e historiadora Lucetta Scaraffia, vice-presidente da associação católica Ciência e Vida.
O texto alega que a "morte cerebral não corresponde à morte do ser humano" e reconhece que a Igreja se encontra em situação delicada, porque "a idéia de que a pessoa deixe de existir quando o cérebro pára de funcionar considera a existência do ser levando em conta somente o funcionamento cerebral".
O "Relatório de Harvard" modificou há 40 anos a definição de morte, de "parada cardíaca, circulatórias e respiratórias" para "morte encefálica". A Igreja católica aceitou na época a definição e a incluiu em sua doutrina, o que influenciou na aceitação da doação de órgãos de pacientes com morte cerebral.
O artigo traz a hipótese de que a definição de morte "tenha sido motivada mais por interesse, ou pela necessidade de transplante de órgãos do que por um real avanço científico".
O diretor de imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi, divulgou nota classificando o artigo como "interessante" e ressalvou que "ele não pode ser considerado como uma posição do magistério da Igreja".
Uma mudança na doutrina católica, determinando que a vida seja mais que o funcionamento do cérebro, poderia influenciar o julgamento no Brasil do direito ao aborto de fetos anencéfalos (sem cérebro).



