
O Irã começará "em breve" a enriquecer urânio em uma central atômica construída sob uma montanha nos arredores de Qom (120 km ao sul de Teerã), para se tornar mais resistente a eventuais ataques aéreos, sustenta o jornal pró-regime Kayhan.
O veículo de comunicação, que é próximo de clérigos do Irã no poder, disse que Teerã começou a injetar gás de urânio em centrífugas sofisticadas em uma instalação em Fordo, perto da cidade sagrada de Qom.
A planta, que teria uma proteção natural de 90 metros de parede rochosa, deverá operar em menor escala de produção, mas será mais rápida e eficiente do que as demais centrais iranianas.
A notícia é tida como sinal de que o Irã não suspenderá seu enriquecimento mesmo que se concretizem planos de retomada das negociações com o Ocidente.
O país disse há meses que está se preparando para realizar o enriquecimento de urânio de Fordo.
A inauguração do programa poderia bloquear novas negociações com as grandes potências no sentido de resolver a disputa nuclear por vias diplomáticas. O Irã tem sugerido conversar sobre seu programa nuclear com os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha, mas o diálogo está paralisado há um ano.
Reação
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta, afirmou ontem que as autoridades americanas não vão deixar o Irã desenvolver armas nucleares ou bloquear o estreito de Ormuz, área chave para o transporte do petróleo do Oriente Médio, onde o Irã tem feito exercícios militares. "Eles precisam saber disso: se eles derem esse passo, eles serão impedidos", ameaçou.
A tensão cresceu entre Teerã e Washington desde o último dia 3, após a advertência iraniana sobre a presença da Marinha americana no Golfo enquanto realizavam manobras militares, despertando temores sobre o eventual fechamento do estreito de Ormuz.
Washington advertiu que manterá seus navios de guerra mobilizados no Golfo, enquanto a Casa Branca considerou que as advertências do Irã demonstravam sua "debilidade" e a eficácia das sanções aplicadas contra o país por impulsionar seu polêmico programa nuclear.
"Eles estão tentando desenvolver uma arma nuclear? Não. Mas nós sabemos que estão tentando desenvolver uma capacidade nuclear. E é isso que nos preocupa", disse Panetta à rede de tevê americana CBS.



