
O jornalista Thomas Roberts, apresentador da rede de televisão CNN, dos Estados Unidos, confessou publicamente que sofreu abusos sexuais por parte de um padre na infância.
Ele decidiu publicar um texto no site da CNN, no qual conta a história dos abusos. Afirma que só decidiu tornar os fatos públicos para encorajar outras pessoas que sofrem do mesmo problema.
"Os abusos duraram três anos. Demorou quase 20 anos para eu reunir minhas forças para ajudar a colocar meu agressor na cadeia. Agora, um ano depois que se fez 'justiça', eu estou disposto a contar minha história publicamente", escreveu Roberts em seu depoimento.
Segundo o jornalista, o homem que cometia os abusos era o padre Jeff Toohey, de um colégio católico particular só para meninos, em Baltimore, no estado de Maryland.
Após responder a um processo judicial, o padre Jeff admitiu seus crimes. Ele foi condenado a 5 anos de prisão. "Ficou dez meses na cadeia e depois foi para casa", conta Roberts.
Leia abaixo trechos do seu artigo à CNN que foi traduzido pela equipe do G1:
"Eu me tornei vítima de abuso sexual quando tinha 14 anos; os abusos duraram três anos. Demorou quase 20 anos para eu reunir minhas forças para ajudar a colocar meu agressor na cadeia. Agora, um ano depois que se fez 'justiça', eu estou disposto a contar minha história publicamente.
O homem que abusava de mim era o padre Jeff Toohey. Ele era o equivalente a uma celebridade religiosa num colégio Católico particular só de meninos em Baltimore, Maryland. O padre Jeff era amigo de todos os estudantes e seu mentor. Eu também o considerava meu mentor.
Quando meus pais se divorciaram, eu fui mandado para o padre Jeff para que ele me ajudasse a lidar com todas as mudanças que estavam ocorrendo na minha vida. O divórcio na metade dos anos 80 ainda era visto como algo estranho. Além disso, eu era uma criança e não sabia muita coisa sobre divórcios.
Tudo o que eu tinha naquela época era minha família e minha escola, mas quando a família se separou, a escola passou a ser minha vida. Depois que os abusos começaram, a escola se transformou numa prisão de vergonha e mentiras. Eu me senti preso.
A escola nunca acreditaria em mim. Eu pensava que seria expulso caso denunciasse os abusos. Eu tinha apenas 14 anos e uma voz dentro de mim dizia: "Você nunca pode contar a verdade sobre o que está acontecendo".
Um mês depois que os abusos começaram, eu tentei me matar. Tomei um frasco inteiro com as pílulas da minha mãe. Depois de tomá-las, deitei e esperei a morte. Minha irmã entrou no meu quarto, viu o frasco vazio e me obrigou a vomitar.
Os abusos continuaram, até que um dia um outro menino, Michael Goles, denunciou que havia sofrido abusos do padre Jeff. Eu sabia que podia ajudá-lo se revelasse os abusos que eu tinha sofrido. Mas, por auto-preservação, fiquei quieto. Ninguém acreditou no Michael e o padre nunca foi processado.
Mas, 20 anos depois que os abusos começaram eu me senti forte o suficiente para contar o que aconteceu comigo. Fui forte para contar a verdade à minha família. Fui forte também para contar ao Michael o que acontecer e dizer a ele "sinto muito".
Juntos, vimos o padre Jeff admitir seus crimes. Ele foi condenado a 5 anos de prisão, mas ficou apenas 10 meses na cadeia e depois foi para casa.
Há um ano, dois colegas aqui da CNN vieram falar comigo e me convenceram a contar minha história. Eu estava assustado por trabalhar numa TV e ser tão honesto. O que as pessoas pensariam? Isso iria arruinar minha carreira? Então cheguei à conclusão que não viveria mais com medo. Eu não teria medo de contar a verdade.
Se esta história chegar a uma só pessoa, e ajudá-la a buscar ajuda caso esteja sofrendo de abusos sexuais, então já terá valido a pena. A partir daí, a força do caso vai aumentar e alguém contará para outra pessoa.
Até que um dia essa pessoa consiga finalmente ter controle de sua vida de volta."



