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Uma jornalista da Rússia que havia sido presa pela ditadura de Vladimir Putin por criticar a invasão à Ucrânia relatou nesta segunda-feira (5) que conseguiu fugir do país ao atravessar várias fronteiras durante duas semanas, por fim chegando à França.
Ekaterina Barabash, de 64 anos, contou sua história a outros jornalistas em Paris, na sede da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que ajudou na fuga.
Ela relatou que havia sido presa em fevereiro sob a acusação de espalhar “informações falsas” sobre o Exército russo – qualquer crítica entra nessa categoria, segundo leis rígidas aprovadas na Rússia depois da invasão à Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Barabash contou na entrevista que cogitou cometer suicídio. “Comecei a procurar por veneno”, disse a jornalista, segundo informações da agência France-Presse (AFP). “Prisão russa não é vida. É pior que a morte.”
Barabash, que poderia pegar até dez anos de cadeia pelas críticas ao exército russo, foi colocada em prisão domiciliar, de onde partiu para sua fuga em abril.
Ela contou que “muitas” pessoas ajudaram na fuga, incluindo Leonid Nevzlin, aliado de Mikhail Khodorkovsky, crítico autoexilado do Kremlin, que “financiou” sua saída do território russo.
“Em algum lugar na floresta russa”, segundo relatou, conseguiu remover sua pulseira eletrônica. Ela se se escondeu “por duas semanas” durante sua fuga, recorrendo a rotas “clandestinas” para atravessar fronteiras, e em 26 de abril, dia do seu aniversário, chegou à França.
Barabash trabalha para a Radio France Internationale (RFI) e disse que pedirá asilo político na França.
O diretor-geral da RSF, Thibaut Bruttin, disse que a fuga da jornalista russa é uma “esperança” para outros profissionais de imprensa do país – a organização já havia ajudado na fuga de outra jornalista, Marina Ovsyannikova, em 2023.
“Foi uma jornada longa e exaustiva que chegou ao fim nos últimos dias e horas”, disse Bruttin, sobre a fuga de Barabash.
“Várias vezes, pensamos que ela havia sido presa ou corria risco de ser presa. Várias vezes, o plano mudou. Uma vez, pensamos que ela estava morta”, explicou o diretor, que, por questões de segurança, não deu mais detalhes sobre a fuga de Barabash e a ajuda da RSF.







