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Centenas de judeus ultra-ortodoxos entraram em confronto com policiais em dois bairros da cidade israelense de Beit Shemesh, foco de uma crescente polêmica sobre o aumento de comportamentos fundamentalistas.

Os haredins ("temente" a Deus, em tradução livre) queimaram contêineres de lixo e perseguiram e lançaram pedras contra os agentes, um dos quais ficou levemente ferido, informou a imprensa local.

Um dos agressores foi detido no ato pela polícia, que destacou patrulhas e está tirando, em coordenação com a prefeitura, os cartazes desta cidade a sudoeste de Jerusalém que pedem às mulheres para que caminhem em calçadas diferentes das ocupadas por homens, disse à Agência Efe Miki Rosenfeld, porta-voz policial.

A retirada de um destes cartazes gerou um dos confrontos, e o outro começou ao meio-dia, quando uma equipe de TV israelense fazia uma gravação.

Os profissionais de imprensa foram cercados por uma multidão e ligaram para a polícia para evitar caírem em situação parecida com a vivida ontem por jornalistas de outra emissora, que foram atacados e agradidos por vários minutos por cerca de 200 ultra-ortodoxos.

O prefeito de Beit Shemesh, Moshe Abutbul, anunciou a instalação de mais de 300 câmeras para monitorar os ataques ou humilhações às mulheres em espaços públicos por parte dos radicais religiosos.

"Não como um prefeito haredi instalar câmeras nos bairros haredins. Quem acredita que as câmeras vão ser colocadas está equivocado", reagiu um dos vereadores de oposição, Moti Cohen, em entrevista ao site do jornal "Yedioth Ahronoth".

O ministro do Interior, Eli Yishai, que ontem comparou a segregação por gênero com a divisão entre competições esportivas masculinas e femininas, usou hoje uma linguagem mais dura sobre o caso de Naama, que comoveu a imensa maioria da população israelense.

Naama é uma menina de Beit Shemesh de oito anos de idade e família religiosa que tem medo a sair às ruas depois que um ultra-ortodoxo, desde ontem em liberdade por ter pago fiança, a atingiu com um cuspe recentemente por considerar que ela não estava vestida de forma recatada o suficiente.

Em reunião do partido que lidera, o ultra-ortodoxo sefardita Shas, Yishai rotulou o episódio como "enjoativo e repugnante", e declarou que "não há um só rabino" que o justifique.

No entanto, um dos deputados da legenda, Yitzhak Vaknin, foi na contramão: "Não há discriminação contra as mulheres, é mentira, só há ódio aos ultra-ortodoxos".

As comunidades ultra-ortodoxas vivem geralmente afastadas do resto da sociedade e com rígidas regras de comportamento, nas quais a mulher tem um papel subordinado ao homem. Há até linhas de ônibus segregadas em Beit Shemesh, nas quais os veículos têm assentos reservados para as mulheres na parte traseira.

A revelação, nos últimos dias, de diversos casos de assédio e agressões contra mulheres levaram ontem o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, a anunciar medidas fortes para impedir o radicalismo.

"Israel é um Estado democrático, ocidental e liberal. A esfera pública é aberta e segura para todos, homens e mulheres por igual. Não há lugar para o assédio ou a discriminação", disse o premiê no início da reunião semanal do conselho de ministros.

Netanyahu se reunirá nas próximas duas semanas com representantes ultra-ortodoxos para tentar lhes convencer a condenar a segregação entre gêneros nos espaços públicos, segundo o jornal "Ha`aretz".

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