
A Argentina teve parte dos fundos de seu Banco Central depositadas no Tesouro dos EUA embargadas ontem, pelo juiz americano Thomas Griesa, atendendo credores que recusaram a oferta de troca da dívida externa correspondente à moratória de 2001.
A medida compromete a intenção da Casa Rosada de reabrir a oferta de troca da dívida neste mês, para negociar com os "holdouts credores que recusaram a proposta de 2005.
A nova troca é parte da estratégia argentina para retornar ao mercado internacional de crédito, necessidade que a presidente Cristina Kirchner define como "imperiosa.
Ela acusou o vice, Julio Cobos, de tramar contra o governo. "Acho que Cobos quer ser presidente antes de 2011, disse. Ele é aspirante declarado à sucessão de Cristina na eleição presidencial de 2011.
O anúncio do embargo fez a bolsa cair 2,5%, o risco-país aumentar 7%, e papéis atrelados ao PIB despencarem até 13,6%.
O ministro da Economia, Amado Boudou, insinuou participação do presidente do Banco Central, Martín Redrado, na medida favorável aos credores que a Casa Rosada chama de "fundos-abutre compram papéis podres para especular.
Redrado é o pivô da crise política desatada na semana passada, quando Cristina o removeu do cargo, por decreto, alheia à exigência de ouvir o Senado, que a legislação argentina impõe ao Executivo nesse caso.
Redrado recorreu à Justiça e reassumiu o posto, amparado numa medida cautelar. A apelação do governo para restabelecer a validade de seu decreto está sob análise da Justiça.
Boudou disse querer "dar à população a tranquilidade de que, neste momento, em nenhuma hipótese o embargo poderá ser maior do que US$ 15 milhões. A ordem de Griesa foi para o embargo preventivo de US$ 1,7 milhão, podendo chegar a US$ 15 milhões.
Embora tenha tentado "desdramatizar a situação, o ministro admitiu que a Casa Rosada está acuada e vê poucas alternativas para a saída da crise.
"É chamativo que um governo que busca ter a maior margem de ação para tomar as decisões mais inteligentes encontre-se sob pressão em sua capacidade de agir para restringir a margem de manobra de ações da oposição, setores da Justiça, detentores de bônus que nunca quiseram negociar com o país e alguns ex-funcionários, disse Boudou, que se referiu a Redrado reiteradas vezes como "o ex-presidente do Banco Central.
A disputa entre a Casa Rosada e Redrado deu-se quando o presidente do Banco Central se recusou a pôr em prática decreto de Cristina que cria um fundo de US$ 6,5 bilhões com reservas do BC, para pagar parte da dívida externa em 2010.



