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Ex-presidente socialista

Juíza que anulou mandado de prisão contra Evo Morales é presa na Bolívia

O ex-presidente boliviano Evo Morales (2006-2019), em evento de campanha em Entre Ríos, Cochabamba, em 19 de abril (Foto: EFE/Jorge Abrego)

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A polícia da Bolívia prendeu nesta segunda-feira (5) a juíza Lilian Moreno, que há poucos dias anulou a ordem de prisão contra o ex-presidente Evo Morales por um caso de tráfico de pessoas agravado, e agora a magistrada deve responder a acusações de prevaricação e decisões contra a Constituição.

A juíza foi detida por um grupo de policiais quando saía de sua casa na cidade de Santa Cruz, no leste do país, onde trabalha, de acordo com o testemunho de um membro da família que a acompanhava.

“A juíza foi brutalmente sequestrada, eles a tiraram do carro, em nenhum momento apresentaram um mandado de prisão”, disse uma mulher, que se identificou como prima de Lilian.

Lilian foi levada para o aeroporto de Viru Viru, em Santa Cruz, para depois ser enviada para La Paz, de acordo com uma declaração de seu advogado à imprensa local.

Na quarta-feira, a defesa de Morales anunciou a ordem constitucional emitida por Lilian, que anulou o mandado de prisão contra o ex-presidente, além da transferência do processo para o Trópico de Cochabamba, seu principal reduto político e sindical.

A decisão da juíza foi questionada pelo presidente do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), Romer Saucedo, enquanto o Conselho da Magistratura anunciou o início de uma investigação.

Na última sexta-feira, uma nova decisão judicial foi emitida, dessa vez assinada pelo juiz Franz Zabaleta, de La Paz, que ordenou que o mandado de prisão contra Morales permanecesse ativo.

A decisão de Zabaleta declarou que “como medida de precaução, é ordenada a suspensão temporária da execução de qualquer determinação adotada” no caso, embora a medida tenha sido ignorada pelos advogados de Morales.

Em outubro de 2024, a promotora de Tarija, Sandra Gutiérrez, emitiu um mandado de prisão contra Morales por supostamente ter tido um filho com uma menor de idade enquanto era presidente da Bolívia.

Os apoiadores de Morales bloquearam rodovias por 24 dias para impedir sua prisão e, desde então, o ex-presidente não saiu do Trópico de Cochabamba, onde é vigiado por centenas de seus aliados.

No início deste ano, um tribunal em Tarija declarou Morales ausente depois que o político não compareceu, alegando doença, a uma audiência que deveria resolver a acusação contra ele por tráfico humano agravado.

O tribunal também proibiu Morales de deixar o país, ordenou a interdição preventiva de seus bens, o congelamento de suas contas bancárias e a prisão do ex-presidente do partido governista Movimento ao Socialismo (MAS).

O ex-presidente alegou várias vezes que o processo contra ele tem como objetivo impedir sua candidatura nas próximas eleições nacionais de 17 de agosto, nas quais pretende concorrer depois de deixar o MAS, do qual foi fundador e líder por quase 30 anos.

Há também uma decisão constitucional que diz que uma pessoa só pode ser reeleita uma vez, seja de forma contínua ou descontínua, o que impediria Morales de ser candidato novamente, já que governou a Bolívia três vezes.

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Conteúdo editado por: Fábio Galão

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