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Após uma pausa de 40 dias, o julgamento do ex-ditador do Iraque Saddam Hussein foi retomado e novamente suspenso nesta segunda-feira. Com o ex-presidente e sete colaboradores de volta ao banco dos réus, as poucas horas em que o julgamento teve andamento deram ao mundo a chance de ver um Saddam indignado com o tratamento que recebe. Também permitiu assistir ao primeiro testemunho que implica o antigo regime no massacre de xiitas a partir do qual a promotoria formulou as acusações de crime contra a Humanidade.

O juiz Rizgar Mohammed Amin ordenou o adiamento para que o ex-vice-presidente Taha Yassin Ramadan consiga um novo advogado. Ele rejeitou o advogado indicado pela corte depois do assassinato do que defendia, um dia depois da primeira sessão do julgamento, em 19 outubro.

Outro réu, Barzan al-Tikriti, meio-irmão de Saddam, disse ao juiz que tem câncer e que o governo do Iraque concordou com seu tratamento médico fora da prisão. O juiz disse que não recebeu esse pedido, e ele queixou-se:

- Isso é morte indireta.

MASSACRE - Barzan al-Tikriti foi diretamente implicado no massacre de xiitas em Dujail durante o primeiro testemunho ouvido no julgamento. A testemunha morreu há três semanas, de câncer, e a corte assistiu ao depoimento em vídeo.

- Depois da tentativa de assassinato de Saddam em Dujail, Barzan me pediu que viajasse à zona para investigar. Descobri que apenas 12 pessoas estavam diretamente relacionadas com o tiroteio contra Saddam. - disse Wahad Ismail al-Sheij, a testemunha, que era chefe dos investigadores dos serviços secretos. - Porém mais de 400 pessoas foram presas.

Ele também acusou Taha Yassin Ramadan de autorizar que os campos de cultivo xiitas em Dujail fossem arrasados.

IRRITADO - O reinício do julgamento, porém, foi marcado pela discussão de Saddam com o juiz. Após chegar oito minutos atrasado, o ex-presidente queixou-se duramente do comportamento dos guardas que o conduziram à corte. Ele disse que se atrasou porque subiu quatro lances de escada graças a um elevador quebrado, algemado. Também reclamou de papéis e uma caneta terem sido confiscados.

- Eles me trouxeram até a porta, e eu estava algemado. Eles não podem trazer o réu algemado - disse Saddam.

- Vou dizer isso à polícia - disse o juiz Amin, mantendo o tom tranqüilo que demonstrou no dia 19 de outubro, quando Saddam também fez provocações.

O ex-ditador, porém, mostrou-se irritado.

- Não quero que você diga a eles que eu quero dar ordens. Eles são invasores e você deve dar-lhes ordens.

A transmissão de TV do julgamento foi temporariamente interrompida durante a discussão. As imagens do tribunal estão sendo transmitidas com meia hora de atraso, para permitir esse tipo de interrupção.

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