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Revolta árabe

Junta militar promete plebiscito, mas egípcios exigem renúncia

Após a morte de 33 pessoas, manifestantes rejeitam acordo com as Forças Armadas e acusam políticos de serem cúmplices do regime

Manifestantes atiram pedras contra policiais durante mais um dia de protestos que tomaram as ruas do centro da capital egípcia | Khaled Desouki/AFP
Manifestantes atiram pedras contra policiais durante mais um dia de protestos que tomaram as ruas do centro da capital egípcia (Foto: Khaled Desouki/AFP)

A Praça Tahrir reviveu ontem o espírito da revolução e milhares de manifestantes pediram em uníssono a renúncia da junta mi­­litar, que prometeu realizar um plebiscito para que os egípcios decidam se os militares devem abandonar o poder.

A decisão, anunciada pelo chefe do Conselho Supremo das For­­ ças Armadas, marechal Hussein Tantawi, foi recebida com ceticismo e desconfiança na praça, onde milhares de pessoas exigiram a saída imediata da junta.

"Eles já disseram outras vezes que abandonarão o poder e não cumpriram o prometido", disse o jovem Amir Ahmed, acrescentando que continuará protestando na Tahrir.

Em seu discurso, o marechal explicou que não quer ser uma "alternativa à legalidade desejada pelo povo" e nem pretende perpetuar-se no poder. "Estamos dispostos a entregar imediatamente o governo e voltar a nossa missão original, que é a defesa da pátria, se o povo decidir por isso num plebiscito", afirmou Tantawi, sem oferecer mais detalhes sobre a realização do referendo.

O chefe da junta militar disse que tem vontade de realizar eleição presidencial antes do fim de junho de 2012, e de manter a eleição legislativa na data prevista, mar­­cada para começar na próxima se­­gunda-feira, 28 de novembro.

Para o jovem Ahmed Gharib, o discurso chega tarde: "Se Tantawi o tivesse pronunciado há três dias, a situação seria diferente. Pedía­­mos o anúncio da eleição presidencial, mas agora queremos o afastamento do Conselho Supre­­mo das Forças Armadas, responsável pela morte de vários manifestantes", afirmou.

Desde o início dos enfrentamen­­tos, já foram registradas a morte de 33 pessoas. Os ativistas consideram a situação atual uma continuação do regime de Hosni Mu­­barak, que abandonou o poder em fevereiro após 18 dias de protestos.

Além dos protestos contra a junta militar, os manifestantes também criticam os partidos políticos, que, para muitos, são cúmplices da atual situação.

Um grande cartaz afirmava ser proibido a realização de comícios e manifestações políticas na praça, e lembrava que Tahrir tem ape­­nas uma voz, a do povo. Por tudo isso e pela semelhança entre as pro­­messas do atual governo e as de Mu­­barak, o Egito parece reviver no­­vamente o espírito da revolução.

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